Textos

Berega fez alguns textos utilizados em algumas ilustrações e decorrentes de sua pesquisa constante. Alguns textos não foram utilizados em publicações, outros tantos comporam com as imagens. Colocaremos aqui suas anotações à partir de originais encontrados e, quando for possível, designaremos onde foram utilizados e em quais publicações foram destinados se for o caso.

FIADOR:
Peça clássica dos "preparos" de cabeça usada em seus cavalos, pelos antigos gaúchos.
O fiador, antecedeu o buçal e foi usado até meados do século passado.
De nítida herança árabe, ainda hoje é encontrado na Espanha.
Seu uso foi mais ornamental que funcional. Uma peça luxuosa que o orgulhoso gaúcho ajaezava seu pingo. Os prateiros da época, esmeravam-se fazendo-os de chapas, filigranas e malhas de prata, terminando a  parte inferior com uma esfera, um adôrno de formato ovóide (guizo), ou uma argola onde era levada uma pequena maneia finamente trabalhada, também em prata. Muitas vezes, um amuleto, no formato de uma meia-lua com as pontas sempre viradas para baixo, sendo também de origem mourisca e chamada pelo árabe de "El hilal"
(O Crescente Fértil).

Berega - Pôrto Alegre, maio de 1985.
(trabalho assinado e datado)

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Aprendendo e Ensinando a Desenhar Cavalos

ESQUEMA DE ALBERT REID:
Traçar um quadrado com a medida do cavalo que se deseja desenhar. Se mede por sua altura o nivel da "cruz" (B), por "mãos". Uma mão mede 4 polegadas +- 12cm; e um cavalo de 15 mãos de altura, terá assim 60 polegadas (aprox. 1,80)

  1. A linha superior do quadrado se divide em 2 partes iguais (A) e se faz o mesmo com cada metade: (B) e (C).
  2. O pescoço tem o mesmo comprimento desde o nascimento da cabeça (D) logo atrás das orelhas até a cruz (B) e dai até a garupa (C).
  3. Depois, dividir o lado do quadrado pelo qual olha o cavalo, em (E) e a parte superior em (F), logo, a parte entre estes dois últimos pontos se torna a dividir em (G).
  4. A distância entre os ângulos superior do quadrado (I) até (G), dará o comprimento da cabeça.
  5. Com a linha que vai de (B) a (F) se terá a "caída" do lombo. A correspondente a cruz é ligeiramente mais suave e desde aí se pode traçar a curva de todo o lombo, até um ponto apenas por abaixo da garupa em (C), onde sua caída a outra vertical do quadrado em um ponto uma 8a a partir do ponto superior deixando a cola de fora.
  6. O passo seguinte corresponde ao desenho do peito, que se traça contra a vertical do quadrado para baixar a paleta de (G).
  7. As nádegas, como está indicado, se traça sobre a vertical posterior.
  8. Um cavalo a altura da "cincha", logo atrás da cruz, coo se indica com uma linha pontilhada, tem uma cabeça de largura.
  9. A linha do ventre se desenha desde a paleta arredondada e curva, para subir de novo ao flanco.
  10. No ponto em que se deseje situar a altura da cabeça, segundo seja a posição do animal, se dispõe (D) e desde aí se manda uma linha até a cruz. Se mede o comprimento da cabeça com um ângulo que se deseja dar a cabeça. A largura da cara à altura da queixada (H) é aproximadamente 1/2 comprimento da cabeça. Logo, desenhar a linha da queixada inferior, continuando até a "muesca do buelfo". Desde (H), se traça outra linha que vai encontrar a parte posterior do peito em (F).
  11. Para o desenho das patas dianteiras, começar na articulação que corresponderia ao cotovelo (K), apenas pela frente da parte anterior da cruz e baixar daí ao nascimento do casco (L). Indicar a continuação a parte anterior da pata baixando atpe um ponto próximo a (L). Em meio a distância entre (K) e a base do quadrado, se encontra a articulação média, e a metade do caminho entre esta e a base, a parte alta da articulação do casco. Desde este último ponto, uma linha com certa caída marca o casco propriamente. As patas posteriores são algo mais longas que as anteriores. Desde a linha da base até o jarrete há uma cabeça (O); esboçar as linhas desde (M) e (N) a articulação do jarrete que aciona de forma oposta a art. correspondente dianteira. Desde ai até o casco, se procede exatamente como a pata anterior. Desenhando este esboço, se passa a conformação especialmente a base de curvas de maior ou menor raio, segundo o ponto. Se modela o focinho, a boca e o "belfo", com grande cuidado. O bordo superior do olho se situa a 1/3 do comprimento da cabeça partindo para cima. O olho se esboça partindo de cima. O olho se esboça até os detalhes.

Grifado: Reid dá principalmente atenção às patas e cascos. Ali é onde a estrutura óssea é mais pronunciada e o aspecto anatômico deve cuidarse especialmente para evitar um resultado que evidencie pouca maestria.

Livro de Anotações do Atelier de Berega - provavelmente traduzindo alguma obra de Albert Reid e estudando as proporções de anatomia do cavalo.


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Lista de Livros Importantes da Temática em uma Anotação Avulsa de Berega:

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ELUCIDÁRIO GAÚCHO
Por

Luiz Alberto Pont Beheregaray - Berega

(transcrição dos originais de trechos do projeto de livro de Berega escrito entre 1979 e 1980)
INÉDITO!

proibida a cópia parcial ou total por quaisquer meios sem a devida permissão do autor e citação da fonte e créditos.

 

INDUMENTÁRIA GAÚCHA - 1870

Uma tropa gaúcha - Um corpo da guarda nacional

Uma das melhores descrições de uma tropa militar constituída de gaúchos se nos afigura a de autoria do general Dionísio Cerqueira, ao retratar com muita fidelidade uma tropa então chegada ao teatro de operações do Paraguai e constituída de um regimento da Guarda Nacional do Rio Grande do Sul da arma de cavalaria.
O relato em apreço descreve com muita propriedade um corpo de cavalaria constituída de gaúchos, tal como se constituía a grande massa de manobra dos chefes farroupilhas.
Eis a ótica fiel da objetiva de Dionísio Cerqueira:
"Quando me fui postar à frente do meu contingente, aproximava-se da casa uma força de cavalaria da Guarda Nacional do Rio Grande. Montavam todos à brida, com pernas estendidas e a ponta do pé apenas tocando o estribo.
Fizeram alto e apearam. Havia oficiais, inferiores e soldados.
Alguns tinham barbas longas que lhes desciam até o peito, e cabelos trançados que chegavam quase à cintura. Seu guizamento era digno de nota: longas adagas de fortes punhos com virotes em cruz e baínhas de prata lavrada; pesadas chilenas também de prata, com tão longos copetes que lhes chegavam aos artelhos, e cossouros de tal diâmetro que lhes dificultavam a marcha; chapéu de feltro de abas estreitas, cobertos de ganga vermelha e presos por barbicacho de borla à ponta do nariz; bombachas vermelhas ou negras e ponches de bicunha de cores vivas ou de outros estofos bordados a seda e agaloados; espadas de ferradura, com três dedos de largura; lanças imensas de conto de prata ou aço polido, de choupa longa e brilhante, com galhos direitos ou em meias luas invertidas, os cornos pontiagudos voltados para cima e para baixo, que mais pareciam lâminas de corseques e partasanas alemães; um par de pistolas à cinta, na pistoleira, que era a larga guaiaca espécie de balteo coberto de chaparias e moedas, onde guardavam onças e libras de ouro, patacões e bolivianos de prata. Os cavalos tinham as crinas tosadas em cogotilho e as colas atadas. Cada um tinha em cima um montão de prataria lavrada. As cabeçadas com grandes meias luas nas testeiras; as rédeas de fortes caimbas, florões e copas, os largos fiadores de chapa ou filigrana, os buçais, os cabrestos, as cabeças dos serigotes, os estribos do século dezesseis, de grande picaria com longos bocais cilíndricos ou faceados, as cantoneiras das caronas de pele de tigre, os rabichos e os peitorais, tudo era de fina prata lisa ou cinzelada. Sobre os lombilhos e serigotes, pelegos negros cobertos por uma badana e sobrecincha de couro de lontra, de veado ou cinchões escarlates bordados e frangeados. Todos tinham boleadeiras, umas de marfim, outras de ferro retovadas de couro, presas de baixo de pelegos do lado da garupa.
Em muitos viam-se laços bem trançados presos a cinchador, do lado direito, enrodilhados sobre a anca e atados ao serigote por um tento de lonca. Poucos traziam pendurados na argola da sugigola ou no peitoral a chaleirinha do mate.
Era um quadro pitoresco. Havia altos e robustos, claros, de olhos azuis e cabelos alourados; outros morenos, musculosos de cabeleiras negras e lisas e barba rarefeita; alguns de bábios grossos, dentes alvos, maçãs do rosto salientes, nariz achatado e cabelos cacheados caindo sobre os ombros. Um ou outro negro. Parecia uma cambila de guerrieros da Mauritânia. Faltavam-lhe os albornozes."
Esta esplêndida descrição reproduz com fidelidade um corpo de cavalaria composto de gaúchos. Basta examinarmos fotografias ou estampas de tropas irregulares das revoluções de 1893 e 1923 para sentirmos a propriedade com que o autor descreve suas observações.
Ao transportarmos para a época da Revolução Farroupilha o que se encontra relatado acima, nota-se que apenas a bombacha é anacrônica, pois ainda não era conhecida entre nós nos tempos farroupilhas. Usava-se, então, a braga, a calça ou o chiripá. Estranha-se não tenha feito alusão ao tipo de calçado usado pelos integrantes dessa tropa. Sabe-se que os gaúchos desse tempo usavam botas dos mais variados feitios, de conformidade com os gostos, posses e facilidade ou dificuldade de aquisição e que os menos aquinhoados da fortuna, manufaturavam as botas de garrão-de-potro.

 

INDUMENTÁRIA (URUGUAY - 1810)

Em 1810, J. Parish Robertson, faz a descrição de Pancho Candioti, chamado "príncipe dos estancieiros de Santa Fé":
"Sus atavíos, a la moda y estilo del país, eran magníficos. El poncho había sido hecho en el Perú y además de ser del material más rico, estaba soberbiamente bordado en campo blanco. Tenía una chaqueta de la más rica tela de la India, sobre un chaleco de raso blanco que, como el poncho, era bellamente bordado y adornado con botoncitos de oro, pendientes de un pequeño eslabón del mismo metal. No usaba corbata y el cuello y pechera de la camisa ostentaban primorosos bordados paraguayos en fino cambray francés. Su pantalón era de terciopelo negro, abierto en la rodilla y, como el chaleco, adornado con botones de oro, pendientes también de pequeños eslabones, que, evidentemente, nunca se habían pensado usar en ojales. Debajo de esta parte de su traje se veían las extremidades, con flecos y cribados, de un par de calzoncillos de delicada tela paraguaya. Eran amplios como pantalones de turcomano, blancos como la nieve y llegaban a la pantorilla, lo bastante como para dejar ver un par de medias escuras, hechas en el Perú, de la mejor lana de vicuña. Las botas de potro del señor Candioti ajustaban los pies y tobillos como un guante francés ajusta la mano, y las cañas arrolladas dábanles el aspecto de borceguíes. A estas botas estaban adheridas un par de pesadas espuelas de plata, brilhantemente bruñidas. Para completar su atavío, el principesco gaucho llevaba un gran sombrero de paja del Perú, rodeado por una cinta de terciopelo negro, y su cintura ceñida con una rica faja de seda punzó, destinada al triple objeto de cinturónde muntar, de tirantes y de cinto para un gran cuchillo con vaina marroquí, de la que salía el mango de plata maciza." Conviene aclarar que ese era el traje "de diario" de don Francisco Candioti.

El Gaucho: Estudio Socio-Cultural. Vol.II - Fernando O. Assunção, pg 21.

 

Anotação: Bendito = abrigo formado por dois couros como mãos postas em atitudfe de reza: "Nos retiramos con cruz / a la orilla de un pajal / por no pasarlo tan mal / en el desierto infinito / hicimos como un bendito / con los cueros del bagual."

 

INDUMENTÁRIA CAMPEIRA CONTEMPORÂNEA

A - ALPARGATA (ALPERCATA, ALPERGATA)

Calçado rural, barato e muito popular. Muito difundido na região fronteiriça do Estado e países platinos. Espécie de sapatilha de lona com sola de juta. De origem vasca, geralmente é encontrada em duas cores, preta e cor de telha.
O francês Edouart Montet, em descrição do gaúcho uruguaio feita em 1895, inclui em sua vestimenta, além da bombacha, a alpargata, pois consta que seu ingresso na República Oriental do Uruguai se deu lá por 1840 aproximadamente. Seu surgimento em nossa região, deve ter-se dado na mesma época, não só trazidas da Banda Oriental, como também pelos imigrantes de origem vasca.

 

B - BOMBACHA

Calças largas, ajustadas e presas com botões aos tornozelos e, quando de botsas, usadas por dentro destas. Quando de alpargatas, costuma-se deixá-la desabotoada no tornozelo. Seu surgimento deu-se no final do século 19. João Cezimbra Jacques em seu Ensaio sobre os costumes do Rio Grande do Sul, editado em 1883, escreve: "... geralmente anda o gaúcho de bombacha ou chiripá ao percorrer as campinas, ... é de toda a vantagem para os seus trabalhos, pois que, sendo larga, traz o corpo sempre livre e apto a executar todos os movimentos à cavalo, com o laço, as "bolas" e as armas, tais como a lança, a espada e a carabina."
A origem da bombacha é controvertida, talvez árabe ou turca, talvez chinesa, pois os uruguaios a chamavam "calzones chinos". Há, inclusive, que afirme terem sido trazidas para o Uruguai pelos ingleses como sobra de guerra da Criméia e chamada então de "pantalones turcos".
Foi introduzida no rio Grande do Sul através da Banda Oriental, entretanto, Castilhos Gaycochea (Revista do Instituto Histórico do Rio Grande do Sul - 1942), afirma que, tal indumentária campeira, foi trazida da Espanha pelos imigrantes da Maragateria. Os cossacos de Zaporog, lá por 1800, usavam calças iguais as bombachas, indumentária antiga de origem tártara e turca.
No início, somente era usada pelos campeiros pobres, mas logo adotadas por estancieiros, guerreiros ou simples peões. O francês H. Anaignac, descreve o gaúcho oriental entre 1870 e 1874, dizendo: "... pessoas da classe superior e estrangeiros, seguidamente substituem o chiripá pelas bombachas..."
O inglês Cunningham Graham, descreve pelos idos de 1880, o proprietário de uma "pulperia", um tal de Eduardo Peña: "... usava casaco, colete, camisa sem colarinho e bombachas muito largas e soltas, postas por dentro da bota de charol..."
O conde Saint-Foix, diplomata francês, descreve em 1890: "... gaúchos levando largas calças semelhantes às dos suavos..."
Confeccionadas sempre em cores muito discretas e sóbrias (de acordo com o temperamento do gaúcho), em bim, casemira ou gabardine, trazendo apenas dois bolsos laterais, sem alças para o cinto e muitas vezes fazendo conjunto com a blusa chamada de "campeira".
O já citado historiador João Cezimbra Jacques, diz (1912), ser a bombacha originária da Turquia sendo daí exportada à Espanha, desta para o Prata e dali para o Rio Grande do Sul. Embora, como afirmamos, de origem controvertida, transformou-se ao longo dos anos, na peça mais característica do vestir crioulo, dada a sua grande funcionalidade, principalmente a liberdade de movimentos tanto à pé como montado.
Diz Luiz Carlos de Moraes (Vocabulário Sul Riograndense) sobre a bombacha: "... creio ser de uso relativamente recente, talvez depois da Guerra do Paraguai, no sítio de Uruguaiana, encontramos referência ao chiripá usado pelas tropas do general Francisco Pedro de Abreu, ao passo que nenhuma às bombachas..."
O Conde D´Eu narrando o espetáculo da evacuação das tropas paraguaias lideradas pelo coronel Estigarribia ao abandonar a cidade de Uruguaiana rendendo-se "... um tinha posto como chiripá um xale de senhora..." Sobre a bombacha, nada fala.

B - BOINA

De origem vasca, tanto espanhola como francesa, assim coo a alpargata, trazida por imigrantes que embora assimilando logo a forma de vida em nosso Estado e sendo rapidamente "agauchados", continuaram com o hábito de usar boina e não a trocaram pelo chapéu.
Seu formato é redondo, geralmetne de lã, existindo também as de feitura caseira em linha ou lã, quase sempre em mais de uma cor.
Levada geralmetne tombada sobre os olhos ou sobre um dos lados, de forma às vezes petulante. As boinas industrializadas trazem na parte superior um cordãozinho do mesmo tecido, já nas caseiras, é comum a terminação em borla ou pom-pom. As cores mais comuns são a preta e azul.

B - BOTAS

Calçado de cano comprido usado pelos habitantes da campanha. As chamadas botas de garrão de potro, as russilhonas, as perneiras brigadianas, adotadas durante muito tempo, ficaram sepultadas na poeira do passado. Hoje, somente encontramos as botas comuns, de montaria, chamadas de sapataria.
Embora com algumas diferenças regionais, as usadas na campanha e fronteira, são de feitio sóbrio, sem nenhum enfeite ou adorno, nas cores preta e marrom, algumas vezes (raras), cáqui ou amareladas (baias), quando feitas em lona (cotonina).

 

C - COLETE

Há quase dois séculos o colete ou "jaleco" é parte integrante do vestir gaúcho. Usado tanto sob o casaco como sozinho, Ultimamente o colete tem sido apresentado como uma pilcha mais decorativa que funcional, pois é decorado com flores, frases, marcas e muitas vezes apresentam até cenas campeiras bordadas nos mesmos. Transformada que foi numa roupa alegre, faceira, colorida, mas simples e rude, como convém ao homem do campo.

C - CASACO

Usava o gaúcho antigo o "paletó saco", ou como chamavam os orietais "americana", possuía a lapela bem mais estreita e vários botões na frente com bolsos chapeados laterais. Não era muito diferente dos casacos usados hoje em dia. Continua sendo amplamente usado alternando-se com a campeira como companheiros ideais da bombacha.

C - CHAPÉU

O gaúcho, como todo o homem do deserto, manteve sempre a cabeça coberta para proteger-se da longa exposição ao sol escaldante do verão, assim como da chuva e do frio cortante do Minuano. No início, com um lenço levado à moda pirata, mais tarde o mesmo lenço coberto por um chapéu de copa alta e aba curta (o sereneiro), o chapéu de palha, o pança de burro (feito com o couro extraído da região da barriga do animal e modelado na cabeça de um palanque), hoje a variedade é grande e a forma de acordo com o gosto de cada um, mas conservando sempre certas características que faz com que se identifique apenas pelo chapéu a região do Estado da qual o portador é "crioulo".
Uma cobertura para a cabeça curiosa é o "sapo". Ou seja, um lenço comum de bolso, amarrado nas quatro pontas. Seu portador geralmente é membro de alguma "comparsa" encarregada das esquilas ou jóquei improvisado em carreiras de cancha reta.
É costume entre os gaúchos nunca montar à cavalo sem chapéu, boina ou outra qualquer cobertura.
Os chapéus quase sempre possuem barbicacho, muitas vezes trançados artisticamente, demonstrando a riqueza do artesanato campeiro.

C - CAMPEIRA

Blusa curta - mal chegando a cintura - de punhos justos e abotoados, muitas vezes na mesma cor e tecido da bombacha, formando conjunto.
A teminologia urbana a denomina jaqueta. De uso cômodo e prático para o trabalho campeiro, é também mais encontradiça na região oeste do Estado, sua origem provável seria uma adaptação da jaqueta militar.

C - CAPA

Produto da indústrial fabril de uso muito difundido na campanha. As mais antigas chamadas "espanholas", possuíam abaixo da gola, a guisa de fecho, uma corrente presa a duas cabeças de leões. Sempre forradas com tecidos de cores vivas mas externamente, cores sóbrias e escuras (preta, azul-marinho e cinza), a capa constitui um excelente abrigo tanto contra a chuva e o frio, protegendo - quando montado - não só ao homem, mas os arreios, o cavalo e conservando sob ela o calor desprendido por este.


F - FAIXA

Com cerca de 20cm de largura por aproximadamente 2m de comprimento, feita em lã grossa, a faixa também é uma herança vasca, assim como a boina e alpargata. Embora seja mais encontradiça em cores escuras, trabalhos do pintor espanhol José Arrúe, nos mostra no início do século que as faixas vermelhas e grenás eram também usadas.


G - GUAIACA

Cinto largo de couro, ostentando uma ou duas fivelas, possui lugar próprio para guardar o relógio tipo de "bolso", um pequeno coldre do lado direito para o revólver e na parte traseira, que por ser dupla, possui lugar destinado a guarda do dinheiro. Segundo Lisandro Segóvia, guaiaca é de etmologia quíchua (idioma geral dos índio do Perú), "Huaykka" ou "Huayaca", cujo significado é bolsa. Também Eleutério F. Tiscornia escreveu: "Guayaca - con el sentido general de "bolsa", el vocabulo quíchua aparece en documentos cordobeses de 1639."
Seu uso deverá ser sempre sobre a faixa ou diretamente sobre a bombacha, mas nunca através de alças, como o cinto "povoeiro".


L - LENÇO

Várias são as formas de atar o lenço pelo homem do campo, à seguir, mostraremos sete maneiras distintas:

  1. NÓ REPUBLICANO ou FARROUPILHA: um quadrado dividido em quatro partes. A forma preferida de atar o lenço pelos revolucionários rio-grandenses. Em 1835 atavam o lenço ao pescoço e que servia de distintivo.

  2. NÓ ASSIS BRASIL ou PONTA DE LANÇA: parece ter sido o nó preferido pelo político de Pedras Altas.

  3. NÓ DE GINETE, GINETEAR ou GETÚLIO VARGAS.

  4. NÓ DE TRÊS GALHOS ou NÓ DE ÁGUIA.

  5. NÓ DE OITO VOLTAS: difícil de executá-lo e muito raro de encontrar.

  6. NÓ COMUM ou BISCOITO.

  7. NÓ TRIANGULAR.

Ainda sobre o lenço, quando faz muito calor, ou quando atrapalha na execução de algum serviço, ou mesmo por "pacholice" ou por bonito simplesmente, o gaúcho o desloca do pescoço para levá-lo atravessado no tronco ou, como se diz "a meia espalda".
Quanto às cores, predominam os brancos, vermelhos e pretos.


P - PONCHO

Seu uso além do Brasil extende-se praticamente em toda a América Espanhola, até o México, desde o século XVIII.
Segóvia dizia vir do vocabulário araucano (aborígene do Chile), grafando como "poncho" ou "pontho". Descreveremos à seguir os modelos mais tradicionais e de maior uso na campanha riograndense:

Emprega o gaúcho em todos os lances de sua esgrima a adaga e o poncho. enrolado no braço esquerdo o poncho serve de escudo durante a peleia, mas também pode desenrolá-lo facilmente para atacar e atrapalhar o adversário. Este duplo jogo é assim comentado por Muñiz: "El poncho, que por una parte, garantiza el cuerpo del que lo lleva, puedo contribuir, por otra parte, para separar la arma que és larga, preparando un golpe mortal al que la maneja. Los gauchos, que son generalmente de mucha vista, ligereza y saber perfectamente el manejo del poncho , suelen teniéndolo por una punta, arrojarlo de súbito con fuerza a la cara de su contendiente y clavar, el cuchillo, dando muerte con él."
Se tiver que duelar com "arma branca", o gaúcho tirará o poncho e as esporas, tirará o chapéu. Se não for canhoto, enrolará o poncho no antebraço esquerdo para usá-lo como escudo.


T - TIRADOR

Espécie de avental feito de couro curtido bovino ou mais comumente de "capincho" (capivara - espécie de roedor - Hydrochoerus cabybara), quase sempre terminado na parte inferior com franjas. Usado do lado esquerdo, serve para proteger a roupa e o corpo do correr do laço.

 

INDUMENTÁRIA CAMPEIRA CONTEMPORÂNEA - ACESSÓRIOS

 

FACA

Seria quase impossível imaginar o gaúcho sem sua faca, sempre à mão, mixto de arma e ferramenta, objeto inseparável do campeiro.
Diz F. Sarmiento: "A faca, além de uma arma, é o instrumento que lhe serve para todas as ocupações, não pode viver sem ela; é como a tromba do elefante, seu braço, sua mão, seu dedo, seu todo."
Herança espanhola, indispensável nos duelos, para castrar, matar, corear, carnear. Para comer uma fruta ou um naco de carne, para aparar os cascos do cavalo, aparar sua cola e até mesmo tosá-lo. Para seu artesanato (lonquear, trançar, etc.) para abrir uma picada, cortar gravetos e até lenha, picar o fumo, alizar uma palha, preparar um porongo ao fazer uma cuia para tomar mate. Para cortar leivas ao erguer um rancho ou para colher e aparar o capim Santa Fé, com o qual o cobrirá.
Generoso e mão aberta, o gaúcho sempre foi mesquinho no tocante a sua faca e talvez daí venha a superstição de que "faca não se presenteia", sobre pena de mais cedo ou mais tarde se "cortar" a amizade. Salvo se o presenteado retribuir o presente com uma moeda. A faca é geralmente levada pelo gaúcho, atravessada na parte posterior da cintura.
Na preocupação de conseguir facas de bom aço, o gaúcho sempre se valeu de peças artesanais feitas de limas, molas de automóvel, baionetas e até mesmo de espadas para a confecção de suas facas, adagas e caroneiras de bom corte e esxcelente têmpera.
A faca de uso permanente é quase sempre acompanhada da chaira, usada para melhorar seu corte e assentar seu fio.
A adaga, geralmetne com fio duplo, ostenta geralmente um "gavião" (anteparo em forma de S), colocado entre o cabo e a lâmina para proteger a mão durante o duelo.
O facão caroneiro, muito longo, feito quase sempre de uma folha de espada, é portada junto a carona, sob os arreios, firmada pela cincha. Sempre pronta para o uso, levado do lado direito ou esquerdo conforme a conveniência no momento de empunhá-lo.
Citaremos também o "virilheiro", pequena faca levada à cintura mas à frente, do lado direito, de forma que a ponta ficasse apontando para a virilha. Servia para pequenas tarefas, como descascar uma fruta, picar fumo e até mesmo para castrar.

 

RELHO

Graças a uma pesquisa e anotações de mais de meio século, o Sr. Raul Annes Gonçalves de Santana do Livramento, conseguiu registrar os vários modelos de relhos usado pelos campeiros em suas atividades diárias, quer tropiando, domando, correndo uma cancha reta ou na simples lida do campo.
O autor da pesquisa registrou cada tipo com os tamanhos e formas que são próprios de cada relho, quer quando feitos no galpão pelo gaúcho para seu próprio uso, quer quando feitos por "guasqueiros" para vender. Diz o autor da pesquisa que adiante ilustramos:
"O verdadeiro gaúcho, homem do campo, nunca monta a cavalo sem portar um relho. No geral o peão de estância tem um único relho. Usa-o em todos os serviços de campo. Também o usa aos domingos em seus passeios. Para ir ao bolicho ou para ir à lavadeira mudar de roupa, lá deixando a muda de roupa suja para ser lavada. Mas, se o peão for mais caprichoso e campeiro, ele tem dois relhos. Um relho curto para lides diárias e um relho comprido para tocar o gado ou os cavalos por diante ou a tropa. Há campeiros que usam dois relhos sempre que campereiam. Um curto, "Mango" ou "Guacha", para alertar o cavalo. Este relho curto ele o leva enfiado no pulso da mão esquerda, a mão que segura as rédeas. E leva também um relho comprido na mão direita para tocar o gado ou cavalos. O relho comprido nunca é usado pelo gaúcho para guasquiar o cavalo em que vai montado.

 

AS ESPORAS

A espora é desde a Idade Média atributo fundamental do cavaleiro pois, dentro das tradiçoes da cavalaria, dois eram os atos que armavam realmente um cavaleiro: prender ao seu cinto a espada e calçar em seu pé a espora.
Sobre ela escreve Fernando O. Assunção: "Asi, nuestro gaucho, sin conocer aquellas tradiciones de la caballeria, con su concepto tan particular de altivez y de machismo, armó como el gallo,sus talones con aquellos poderosos espolones que recebieron los nonbres de chilenas, nazarenas o lloronas."
Dada às grandes dimensões das esporas antigas, era de bom-tom, sinal de urbanidade, tira-las ao chegar de visita em algum rancho ou estância, deixando-as presas aos arreios ou enfiá-las no cabo da faca, sob pena de "lavrar" o pátio alheio ou riscar o assoalho encerado a sebo de vela para o "fandango".
Mais recentemente, costuma-se virá-las sobre o peito do pé.
Os índios charruas usavam (geralmente num só pé), à guisa de espora, uma forquilha de madeira dura e nela um chifre de veado, que curiosamente faz lembrar as esporas dos gregos, etruscos, as inglesas de 1270 D.C. ou as mouriscas.
As esporas dividem-se, de um modo geral, nas seguintes partes:

  1. garfo, o corpo maior da espora, em forma de "U", que a prende no pé.

  2. papagaio, a haste que saindo do garfo, serve de apoio a roseta.

  3. cabrestilhos, tentos de couro ou correntes de metal ou mesmo de prata que firma a espora no pé.

  4. roseta, roda de ferro ou aço apresentando dentes ou pua, é a parte que toma contato com o cavalo que serve para esporear o animal.

 

 

Na maioria das esporas encontra-se entre o garfo e o papagaio um elemento circular, por sinal herança mourisca, que além de adorno serve para prender o cabrestilho (alça-prima) ao peito do pé, mantendo a espora numa posição mais ou menos horizontal.

 

 

O CAVALO

Algumas das pelagens mais comuns

"Se eu dispusesse da cavalaria rio-grandense, me animaria a conquistar o mundo." (G. Garibaldi)

ALAZÃO

BAIO

BRANCO

COLORADO

DOURADILHO

ESCURO

GATEADO

LOBUNO

MOURO

OVEIRO

ROSILHO

SEBRUNO

TOSTADO (CASTANHO)

TORDILHO

TOBIANO (TUBIANO)

ZAINO

 

Todas as pelagens citadas possuem sub-divisões assim como as manchas brancas na cabeça e patas, originando uma enorme variedade de designações.

 

Influência da Pelagem nas Características do Cavalo

O sulamericano aprendeu dos espanhóis e portugueses, e estes dos árabes, a distinguir as boas e más qualidades dos equinos através da pelagem.

ALAZÃO: provém do árabe Al Hazan (vigoroso, forte, bom, etc.). Para o árabe o valor deste pelo é legendário, principalmente quande se trata do alazão tostado. O profeta disse: "correndo junto todos os cavalos dos árabes, é o alazão tostado que ganhará de todos".
"O alazão tostado quando corre ao sol, se parece com o vento".
"Um castanho puro, três castanhos escuros e quatro castanhos claros", faziam parte do lote de 16 cavalos que Hernán Cortés levou para conquistar o México.
Daumás em "Os cavalos do Saara", comenta o adágio árabe sobre as qualidades do cavalo alazão: "Se te disserem terem visto um cavalo passar voando, pergunta de que pelo era, se te disserem Alazão, acredita".

AZULEGO: excelentes cavalos, mas difícil de conseguir.
"Bien desvasado a cuchillo / Sus ojos de un solo brillo / Su pelo un solo reflejo / Estaba aquel azulejo / Como pistola a bolsillo." (Justo P. Sáenz - "La Carrera")

BAIO: figura como preferido dos antigos cavaleiros, como o Emir africano Marganice que lutou contra Carlo Magno, vários baios são citados na epopéia ibérica do século XI.
"Tenho meu cavalo baio / Calçado das quatro patas / Para dar um galopito / Ao palácio das mulatas."
"Tenho meu cavalo baio / Tosado a cogotilho / Para correr os galegos / Como tropa de novilho."
Quanto ao baio também se encontra nas opiniões nada elogiosas como estas: "se encontrares alguém com os arreios às costas, pergunta onde ficou o baio"; "o baio, como o tubiano, se dá bom é por engano".
Conta-se que Isabelle D´Áustria, no cerco de Ostende, jurou não mudar a camisa enquanto dura-se o cerco. Tendo esse se prolongado por 8 meses, a camisa de linho branco ficou naturalmente amarelada. Por esse fato o baio em alguns países da Europa é chamado Izabelle.

GATEADO: "Antes morto que cansado".
"Pegas o gateado que levas uma tropilha".

LOBUNO: "Tem espinhos no lombo".
É opinião difundida que o lobuno é incansável mas também mau e desconfiado. Diz um ditado uruguaio: "Cuidado com ellos (los lobunos), en una mañana fría, que arriba está Dios, pero abajo está el Diablo."
No inventário e divisão dos bens deixados por Don Mateo Guardia em 1782 na Argentina, se relaciona: "Un caballo lobuno que andaba con las yeguas del difunto Juan Gómez".

MOURO: é de aço, infatigável. "O que não pode ser, é um mouro perder".
"Yo llevé un moro de número / Sobresaliente el matucho, / Con él gané en Ayacucho / Más plata que agua bendita / Siempre el gaucho necesita / Un pingo por fiarle un pucho." (José Hernández - "Martin Fierro").

OVEIRO: vistoso, corredor e fácil de camuflar. O preferido dos índios.
Paguithruz Guor, cacique dos "ranqueles", possuía em 1840, duas tropilhas de oveiros negros commadrinhas escuras, presente de seu padrinho, Don Juan Manoel de Rosas.
No início do século XVIII, nas margens do rio Uruguai, outro cacique, Cloyan, chefe das onze tolderias rebeldes que levavam o nome de Frentones, mantinha belíssima tropilha de oveiros.
"Como que era escarceador / Vivaracho y coscojero / Se iba sonando el overo / La plata que era un primor." (Fausto - "Estanislao del Campo")

PICAÇO: bom animal, mas um pouco arisco e aluado.
"Ah, se eu fora tão ditoso / Que ela me desse um abraço / Por Deus que eu deixaria / Cupido passar-me o laço / Em troca a ela daria / O meu cavalo Picaço."

PANGARÉ: guapos e ligeiros para correr veados e avestruzes.
Robert B. Cunninghame Graham (nobre inglês), conta que: "Os melhores anos da minha vida passei entre os índios e gaúchos, entre os anos 1870 e 1890, no Pampa e no Paraguai. Não tinha um centavo no bolso, mas possuia uma tropilha de pangarés, rédeas de prata, chiripá e o cabelo crescido até os cotovelos. Não desejava mais nada."

ROSILHO: nos antigos documenos argentinos que mencionam pelagens de cavalos, o rosilho é o mais citado e tido como indicativo dos bons animais.
"... três caballos, un rosillo bueno y otros dos ordinários". (Testamento de Antonio Fernándes de Silva - 19/08/1641)

TUBIANO: "Para pouco ou para nada"; "Tubiano se dá bom é por engano"; "O tubiano é irmão da vaca" (Emir Abdul Kader).
Com manchas brancas sobre fundo vermelho ou escuro, diz Romanguera Corrêa que tobiano deriva de Tobios (Brigadeiro Rafael Tobios) que foi que o introduziu em São Paulo. Com a derrota e fuga para o Rio Grande do Sul, o então revolucionário brigadeiro trouxe consigo alguns exemplares que rapidamente se espalha e invade, inclusive, as Repúblicas do Prata, sendo citado por Emilio Solanet em "Pelajes Criollos": Nem todos desgostam do tubiano. Fernán Silva Valdés em sua belíssima "Una Huella para mi Tropilla", assim à ele se refere "A la huella, la huella, flete tobiano; me gusta aunque lo llame flojo el paisano".

TORDILHO: não se deve montar em cavalo branco ou tordilho em dia de chuva, porque o mesmo atrai o raio. Também não se trabalha com animal desse pelo em dia de muito sol e calor, pois ficará na certa assoleado. No entanto, é muito guapo para a água sendo sempre bom nadador.

ZAINO: "os zainos são muito valentes e para tudo".


Do animal "calçado", isto é, que tenha uma ou mais patas brancas, se costuma dizer:

 

"Do cavalo o corpo inscrito / Deve ser em um quadrado / Comprimento igual à altura / Para ser proporcionado".
"É o tipo do cavalo / De carreira e de batalha /  De resistência e de alento / E não de fogo de palha" (Alferes Alexandre Brandão).


 

O Cavalo - "Medicinas"

 

O Cavalo - Crendices

 

Observação: as "receitas" aqui transcritas não levam nosso endôsso ou garantia por tratar-se do produto da imaginação e crendice de pessoas simples da nossa campanha, que se não curam, ao menos concorrem para um enriquecimento do folclore.

 

O Cavalo - Qualificativos

ÉGUA MADRINHA: égua mansa (de baixo), a qual se acolhera outro animal para acostumá-lo junto. Usada para formar e liderar a tropilha, pois com o tempo os cavalos (castrados) que se juntam à ela a seguem onde quer que vá. Se coloca no pescoço um cincerro preso a um fiador que além de condicionar os membros da tropilha a segui-la, ajuda a localizá-la à noite.

POTRILHO: cavalo novo, com menos de um ano, ainda no período de amamentação.

POTRANCA: égua nova, ainda não domada.

POTRANCO: cavalar novo, de um até dois anos.

POTRO: animal não domado, xucro.

MANADA: conjunto de éguas com suas crias, liderados por um pastor (reprodutor, garanhão).

CAVALO À CAMPO: cavalo que não recebe alimentação suplementar nem abrigo, vivendo em liberdade completa.

 

 

CRENDICES E SUPERSTIÇÕES

 

 

EXPRESSÕES DA FRONTEIRA OESTE

Algumas das palavras do vocabulário gaúcho empregadas na Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul. As grifadas, numa área muito restrita, praticamente só na cidade de Uruguaiana. Estas, inclusive, não constam no Vocabulário Sul Rio-Grandense de A. Coruja, R. Corrêa, L. C. Moraes e R. Callage.

ABOSTADO: pessoa sem iniciativa, aplastado, sem ânimo.

AFEITAR: usado no sentido de barbear, e não no de enfeitar como aparece no Vocabulário Sul Rio-Grandense.

ÁGUEDA: bolita feita de ágata em vez de vidro.

AL PEDO: à toa, sem utilidade, sem objetivo determinado.

ALMÁCEGO: viveiro de hortaliças, sementeira, de onde mais tarde as mudinhas são transferidas para o lugar definitivo de plantio.

AMURAR: acompanhar a namorada. Termo usado geralmente na primeira vez que isso acontece. Ex: "P. amurou hoje com M.".

AMAGAR: levar o corpo para frente quando a cavalo, a fim de dar impulso ao animal. Menear o corpo fazendo negaça.

ANGURRIENTO: no sentido de egoísta, de esganado, e não de aborrecido como consta no Vocabulário Sul Rio-Grandense.

ASTILHA: acha de lenha.

BACUDO: pessoa do interior, da campanha, pouco afeita as coisas da cidade, guasca, grosso.

BAIQUARA: o mesmo que bacudo.

BELDOSA: espécie de tijolo de barro destinado ao calçamento do interior das casas.

BERIQUETE: lugar cheio de voltas, meandros e curvas, labirinto.

BOCO: buraco feito em terreno macio com o calcanhar descalço, para jogar bolita.

BORLANTIM: artista de circo. Provavelmente derivado do platinismo VOLANTIM (acróbata). "De trato tan rigoroso / Muy pronto me acobardé / El bonete me apreté / Buscando mejores fines / Y con unos volantines / Me fui para Santa Fé." (José Hernández  - "Martin Fierro")

BOTADOR: vara comprida (quase sempre bambú) com que se empurra a embarcação.

BRINCA: usado de forma adverbial "às brincas", significando: de brinquedo, de graça. É o contrário de "às devas". Gíria infantil usada geralmente no jogo da bolita.

CACETE: visita à noiva ou namorada, "estar de cacete", isto é, estar de visita.

CACHAFÁZ: pessoa de conduta pouco recomendável, cafajeste, pícaro.

CAMPECHANO: campeiro, dado às lidas do campo.

CAMPANTE: faceiro, alegre, despreocupado, folheirito.

CARPIM: meias masculinas.

CASCOTE: pedaços de tijolo, pedregulho.

CASCOTEADO: perseguido, corrido, em estado de grande necessidade, aquele que encontra-se na adversidade.

CHANGADOR: carregador braçal, pessoa que faz changa, ou seja, biscates. Parece derivar de Changadam, palavra trazida pelos portugueses de suas possessões na Índia. Homens que trabalhavam nas jangadas atravessando o gado e couro de uma margem à outra dos rios. Changa = biscate, trabalho miúdo, segundo Miguel Angel Mossi (Manual del Idioma General del Peru, Cordoba, 1889).

CHALANA: pequena embarcação, canoa, geralmente impulsionada por remos ou botador.

CHANGÜI: vantagem, concessão feita ao rival.

CHANTEIRA: pedra redonda e chata que presta-se para um jogo infantil.

CHAPETONADA: erro, engano, "pagar chapetonada", sair-se mal em qualquer assunto.

CHINÁRIO: algo de mau gosto, geralmente vestuário.

CHIRIPÁ: acerto ou ganho de mera casualidade em qualquer jogo.

CHIBEIRO: contrabandista, indivíduo que vive de contrabando em pequena escala, nas fronteiras com a Argentina e Uruguai.

CHUPA-GANSO: espécie de pirulito, feito com açúcar queimado no formato de bichos, possuindo na base um pequeno palito para segurar. Produto de indústria caseira.

CHUCHO: calafrio, tremor de frio. O vocábulo que certamente trata-se de platinismo, encontra-se em uma carta que Doña Encarnación Ezcurra dirigiu em 1833 à seu marido o ditador Juan Manoel de Rosas: "... él disse que cada ves que piensa recivir carta tuya le da chucho, porque tiene miedo de las cosas que te abrán escrito tus amigos contra él..." (C. Correa Luna em "Casos Pitorescos", "La Prensa", 1939). Ricardo Guiraldes em "Don Segundo Sombra", cap. XII, pg. 124: "... hasta cair en el remanse que lo hizo trompo tres veces, pa empezar a correr despues aguah´ abajo, con una ligereza que le dió chucho."

CHANCLETA: na língua espanhola este vocábulo significa frouxo, covarde. A expressão "ser un chancleta", siginifica "ser hombre de ánimo afeminado y apocado". "Pués vivía la mama juana / Simpre bajo la carreta / Y aquel que no era chancleta, / En quanto el gollete via, / Sin miedo se le prendia." (José Hernández - "Martín Fierro").
Na região de Uruguaiana seu significado difere e é usado para designar chinelo, geralmente grande e largo.

CHEFETE: pessoa que possui alguma posição de mando secundário, principalmente na função pública.

CHOLITA: tipo de alpargata, feita de lona mas tendo o solado de borracha.

COLITA: maneira de amarrar o cabelo à nuca, à moda "rabo-de-cavalo".

CONVENTILHO: pequeno sobrado dividido em muitos quartos e alugados à vários inquilinos, lembrando um convento.

COPAR: encarar, tirar satisfação, pedir explicações.

COMPARSA: conjunto de homens (esquiladores) que andam de estância em estância esquilando o rebanho ovino. Palavra usada também para designar bloco carnavalesco que levava à frente um "baliza".

CORPINHO. sutiã.

CROQUILHA: tipo de muqueca de peixe.

CULEPE: susto, surpresa, sobressalto.

CUCHARRA: colher grande e grosseira de chifre ou madeira.

CUCHICHOLA: lugar apertado de mínimas proporções; quarto muito pequeno.

CUSQUEIRO: algo sem importância, de pouca valia.

DEVAS: usada sob a forma adverbial "às devas", significando "às deveras", para valer.

EMPEDO: embriagado, bêbado, borracho.

ENCULAR: supreender, pegar de surpresa. Também dito "incular".

ENCHUFE / ENCHUFAR: ligar aparelho elétrico na tomada.

FIDEO: talharim, massa de farinha de trigo.

FRESSURA: vísceras, miúdos (pulmões, coração, etc.).

GAJETA: espécie de bolacha, biscoito grande. Termo castelhano.

GASNETE: pescoço. "Pegar pelo gasnete", isto é, pegar pelo pescoço.

GOMERIA: borracharia. Gomêro é o prático no conserto de câmaras de ar.

GODONHO: pancada dada na cabeça com o nó dos dedos. Cascudo. Quando dado com força costuma-se dizer "godonho de pila".

GUERDO: bêbado, borracho.

GRAXEIRO: servil, bajulador, subserviente, adulador.

GRONGUEIRO: grande, superior, maior.

INHAPA: presente ou vantagem que o vendeiro dá ao comprador, quebra. Provém do quíchua (idioma geral dos índios do Perú). Francisco Santamaria no Dicionário de Americanismos diz: "o que se ganha além do ajustado", vocábulo original: Yapa ou Yapam.
"... Se era linda, gueña y de "yapa", rica ..." (Valentim Garcia Saiz - "El Narrador Gaucho").
"... porque eras medio aplicáo al frasco y de "yapa" aficionado al barullo... " (R. Guiraldes - "Don Segundo Sombra").

LADRILHO: o mesmo que tijolo.

LAMBUJA: vantagem dada (nas apostas).

LIGEIRA: nome dado ao indivíduo que viaja à pé pela campanha. Também aplicado para designar evacuação líquida e frequente, diarréia, "caganeira".

MANGA: mangueira usada para molhar as plantas ou jardim.

MARETADA: onda de rio. Com o mesmo sentido e dicionarizada, encontramos "mareta".

METEJÓN: (aspirado), paixão violenta, amor incontrolável, geralmente usado quando esse sentimento é destinado à alguma chinita ou pinguancha.

MUNHATA: denominação que se dá à batata-doce.

MURISQUETA: tregeitos, cacoetes.

NABA: falta de dinheiro. Nabiento, o mesmo que pobre, duro, liso, etc.

NIETA: o lugar mais estratégico para (no jogo da bolita) jogar-se da "raia", no sentido do triângulo ou "boco".

NOVELEIRA: pessoa extremamente curiosa.

PARAÍSO: designação dada ao cinamomo (árvore).

PARADISTA: fanfarrão, exibido, prosa.

PICHOLEIO: pequeno jogo, no geral de cartas, que se improvisa nas ramadas dos bolichos. Na fronteira o termo é mais usado para designar biscate, pequenos serviços prestados por alguém.

PALO: golpe, pancada, pedrada.

PICO: o mesmo que picareta (instrumento de ferro com cabo de madeira).

PIOLA / PIOLIM: barbante, cordão, do araucano "piulu", fio delgado.

PAPA: batata inglesa.

PLANCHA: ferro de passar roupa.

PILETA: tanque ou pia. Também usado para designar canteiro cercado de tijolos.

PAPEL DE ASTRÁÇA: papel que o bolicheiro mantinha sobre o balcão para embrulhar pequenas compras.

PARCHE: remendo, geralmente feito em câmara de ar, de automóvel, bicicleta, etc.

PERICOTE: forma de enrolar o cabelo a fim de encrespá-lo ou frizá-lo usando para isso "papel de astráça".

PALIÇA: surra, sumanta, sova.

PELEGUEAR: usado no sentido de "sestear".

PELUDIAR: "sacar peludo", forcejar.

PUCHO: ponta de cigarro, bagana, do quíchua "puchu", resto, sobra de alguma coisa.
"... Yo llevé un moro de número / Sobresaliente el matucho / Con él gané en Ayacucho / Mas plata que agua bendita / Siempre el gaucho necessita / Un pingo pa fiarle un pucho." (José Hernández - "Martin Fierro" - 1872).

QUEIXAL: dente molar.

RAMADA: palavra usada para designar cabeleira muito grande e em desalinho.

RASTILHO: ancinho.

REMOLACHA: beterraba.

REVERBÊRO: fogareiro tipo Primus; também chamado "revervêro".

REGALITO: floreio feito com o bilboquê.
"... Mas um dia ele se apruma / No tranco, devagarito, / E fazendo um regalito / Fica no açougue sem dono / Decerto cura do sono / E se empertiga e se atina... / Já vi cousa bem igual: / Bisbo que sobe a Cardeal, / Fica até de voz mais fina..." (Balbino Marques da Rocha - "As Mudanças do Portela").

REGADEIRA: o mesmo que regador.

SAMBULHAR: mergulhar, atirar-se à água.

SILGA: corda que atando uma das extremidades à proa e a outra à popa de pequena embarcação e segurando-se no vértice do triângulo formado pela corda, consegue-se arrastar - caminhando pela margem - a embarcação de forma perfeitamente paralela à margem e a uma distância equivalente a metade da extensão total da corda.

SOGUEIRO: cavalo manso, que fica perto das casas, para serviços leves.

SOTRETA: cavalo inútil por velho, pessoa desprezível, velhaca.

SORTIDO: compra feita de uma só vez de vários mantimentos, rancho.

SAPATILHA: tipo de alpargata, feita de lona com solado de couro.

TOBIJERA: tornozeleira, usada na prática do esporte.

TRAMPOSO: velhaco, mau pagador.

TROMPETA: pessoa sem préstimos, ordinária, trampolineira.

TAPICHI: nonato, terneiro não nascido, natimorto.

TALHER: ("tajer"), oficina.

VISO: peça do vestuário feminino, saia de baixo.

VIOLA: não para designar violão mas sim para bolita (de gude).
"... Jogo viola, cola e tudo, / Zé Bedeu falou assim, / Vamos prá cozinha / Prá fazer piá e pim. ..."

 

 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

 

  1. VOCABULÁRIO SUL RIO-GRANDENSE: Romanguera Corrêa; Antônio A. P. Coruja; Luis Carlos de Moraes; Roque Callage. Ed. Globo, Porto Alegre, 1964.

  2. PELAJES CRIOLLOS: Emilio Solanet. Ed. Fondo Edit. Agropecuario S.A., Buenos Aires, 1971.

  3. PILCHAS CRIOLLAS: Fernando O. Assunção. Impressora Uruguaya Colombino S.A., Montevideo, 1976.

  4. EL GAUCHO (Studio Sociocultural Vol. I e II): Fernando O. Assunção. Direción General de Extensión Universitaria, Montevideo, 1978.

  5. EL CABALLO: Bruno y Beatriz Premiani. Libros Técnicos Carballeira Garrido S.R.L., Buenos Aires, 1957.

  6. DON SEGUNDO SOMBRA: Ricardo Guiraldes. Editorial Kraft Ltda., Buenos Aires, 1960.

  7. MARTIN FIERRO: José Hernández. Editorial Losada S. A., Buenos Aires, 1969. Edição comentada por Eleuterio Tioscornia.

  8. MARTIN FIERRO: José Hernández. Editorial Atlantida, Buenos Aires, 1966.

  9. JUEGOS TIPICOS CRIOLLOS: Juan Carlos Guarnieri. Distribuidora Ibana S. A., DISA, Montevideo, 1970.

  10. DICCIONARIO GAUCHO: Agenor A. Pacheco. Talleres de Imprenta Letras S.A., Montevideo, 1972.

  11. PORANDÚBA RIOGRANDENSE: Carlos Teschauer. S. J. Livraria do Globo, Porto Alegre, 1929.

  12. SUPERSTICIONES DEL RIO DE LA PLATA: Daniel Granada. Editorial Guillermo Kraft Ltda., Buenos Aires, 1959. 2a Edição.

  13. REMINISCÊNCIAS DA CAMPANHA DO PARAGUAI:  Dionísio Cerqueira. Editora Biblioteca do Exército, 1980.

  14. MÃO GAÚCHA: Barbosa Lessa. Fundação Gaúcha do Trabalho, Porto Alegre, 1978.

  15. GAUCHOS (Prendas e Costumes): E. Castells Capurro. Edit. Mosca Hermanos S.A., Montevideo, 1974.

  16. GAUCHISMOS - A LINGUAGEM DO RIO GRANDE DO SUL: A. Tenório D´Albuquerque. Livraria Sulina, Porto Alegre, 1954.

  17. POEMAS CAMPEIROS: Balbino Marques da Rocha. Edição Corag, Porto Alegre, 1978.

  18. A FORMAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL: Jorge Salis Goulart. Editora Globo, Porto Alegre, 1933.

  19. OS RELHOS DOS GAÚCHOS: Raul Annes Gonçalves. Emp. Jornalística Caldas Jr., Almanaque do Correio do Povo, Porto Alegre, 1973.

  20. COMO OS GAÚCHOS TOSAM SEUS CAVALOS: Raul Annes Gonçalves. Emp. Jornalística Caldas Jr., Suplemento Rural Jornal Correio do Povo, Porto Alegre, 24/11/1978.

  21. MANEIRAS DE ATAR A COLA DO CAVALO: Leônidas de Assis Brasil.  Emp. Jornalística Caldas Jr., Suplemento Rural Jornal Correio do Povo, Porto Alegre, 24/11/1978.

  22. TRABALHOS E COSTUMES DOS GAÚCHOS: Severino de Sá Brito. Estante Rio-Grandense União de Seguros, Porto Alegre, 1979.

  23. ASSUNTOS DO RIO GRANDE DO SUL: João Cezimbra Jacques (major). Officinas Graphicas da Escola de Engenharia, Porto Alegre, 1912.

  24. FACUNDO (JUAN QUIROGA): Domingo F. Sarmiento. Editorial TOR, Buenos Aires.

  25. CONTOS GAUCHESCOS E LENDAS DO SUL: J. Simões Lopes Neto. Editora Globo, Porto Alegre, 1978.

  26. REVISTA HISTORICA - LA VIDA RURAL EN EL URUGUAY - Tomo XXVIII: Publicação do Museo Historico Nacional sobre o trabalho do Dr. Roberto J. Bouton. 1958.

  27. LA BIBLIA GAUCHA - Patria y Tradición): Enrique Capela. Editora Minerva, Buenos Aires.

  28. INSTRUCIONES A LOS MAYORDOMOS DE ESTANCIAS: Juan Manoel de Rosas. Editorial Plus Ultra, Buenos Aires, 1968.

  29. VOYAGE A LA PLATA - Le Tour du Monde: M. Émile Dalreaux. Paris, 1886.

  30. EL CABALLO Y EL RECADO: Agustin Zapata Gollan. Editores Luis Lassere y Cia. Ltda., Buenos Aires.

  31. EQUITACIÓN GAUCHA EN LA PAMPA Y MESOPOTAMIA: Justo P. Saenz. Ediciones Peuser (4a. edicción), Buenos Aires, 1959.

  32. JÁ SE VIERAM: Apparício Silva Rillo. Edições I.G.T.F., Porto Alegre, 1978.

  33. GAÚCHOS E BEDUÍNOS: Manoelito de Ornellas. Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1976.

  34. VOCABULARIO Y REFRANERO CRIOLLO: Tito Saubidet. Editorial Guillermo Kraft Ltda., Buenos Aires, 1962.

  35. INVASÃO PARAGUAIA NA FRONTEIRA BRASILEIRA DO URUGUAI: Cônego João Pedro Gay (comentada pelo Major Souza Docca). Instituto Estadual do Livro, Universidade de Caxias do Sul, 1980.

 

ANEXO - PLANTAS MEDICINAIS ("JUJOS"), E SUA FUNÇÃO, UTILIZADOS NA CULTURA SUL-RIOGRANDENSE

 

 

Observação: as "receitas" aqui transcritas não levam nosso endôsso ou garantia por tratar-se do produto da imaginação e crendice de pessoas simples da nossa campanha, que se não curam, ao menos concorrem para um enriquecimento do folclore.

 

FIM

ELUCIDÁRIO GAÚCHO
Luiz Alberto Pont Beheregaray - Berega

(transcrição dos originais de trechos do projeto de livro de Berega escrito entre 1979 e 1980)
proibida a cópia parcial ou total por quaisquer meios sem a devida permissão do autor e citação da fonte e créditos.

 

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Textos de etiquetas bilíngues coladas atrás dos quadros pintados sobre couro:

COURO - UM PRODUTO NATURAL
Esta obra foi executada sobre um suporte de couro de excelente qualidade.
Por tratar-se de um produto orgânico, costuma apresentar uma superfície (flôr) irregular, marcas, cortes, vestígios de marca à fogo, diferença tonal no tingimento, etc. Mas isso NÃO SÃO DEFEITOS!
Pelo contrário, prova tratar-se de COURO LEGÍTIMO!
Portanto, essas marcas que a natureza lhe imprimiu acrescentam autenticidade num material extremamente NOBRE.

LEATHER - A NATURAL PRODUCT
This work was carried out on a leather support of excellent quallity.
As this is an organic product it usually has an irregular surface, marks, cuts, hot iron marks, different tones, etc.
But these are not defects!
Here by, proving that this is legitimate hide!
Hence, these marks that nature has produced inforce the authenticity to its high quality.

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Textos avulsos, manuscritos, datado de setembro de 1986 sobre cavalos.

OS TRÊS TOSOS

TOSO DE PASSARINHO: é feito a cogotilho, sendo enfeitado com "passarinhos". Estes são feitos a critério e gosto do tosador.

TOSO A COGOTILHO: apesar de ser o mais simples é o preferido por gaúchos de todas as idades. Dá graça e contorno ao pescoço do cavalo crioulo. Nasce entre as orelhas e termina no "pega-mão". Não é hábito vir acompanhado de franja ou topete, salvo nos animais de origem chilena.

TOSO DE MEIA-CRINA: leva franja. Começa igual ao cogotilho e vai até o meio do pescoço, daí em diante fica a crina inteira, emparelhada e caída ao longo da tábua do pescoço. Esta modalidade é usada, também, por domadores em baguais de rédea. Facilita o uso do buçal entre as orelhas e o resto da crina fica para tirar as cócegas do pingo.

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