Calendários Petróleo Ipiranga S.A.

1984

Texto do cabeçalho:
Um pouco do dia-a-dia da vida gaúcha surge com uma profusão de cores e detalhes nos trabalhos de Berega (Luiz Alberto Pont Beheregaray). São imagens alegre e descontraídas, evocativas de um passado que esse artista, nascido em Uruguaiana, sabe tão bem caracterizar. Ao apresentar uma nova série de obras de Berega neste calendário para 1984, damos sequência a uma proposta de fixação de uma memória mais afetiva do cotidiano do Rio Grande do Sul, a cujos usos e costumes a Ipiranga está tão intimamente ligada há tantos anos. Irônico e caricato por vezes, mas sempre emotivo, Berega une ao descritivo de suas imagens uma visão crítica que nunca está ausente dos trabalhos dos grandes artistas. E você, mais uma vez, sente-se levado a participar, durante os doze meses do ano, através das lembranças e algumas realidades ainda muito vivas. Sempre em companhia da Ipiranga.

Calendário Ipiranga 1984 - janeiro/fevereiro
Título: Barbearia de Campanha
Dimensões:
29,5cm x 23cm (reprodução) - originais pintados em 50cm x 40cm.
Ano / meses:
1984 / janeiro-fevereiro (calendário) - originais feitos entre junho 1983 e julho 1983.
Técnica:
Gouache (têmpera holandesa Talens sobre papel Fabriano montados em chapa de Eucatex).
Observações / Texto:
Texto de Berega:
Embora a freguesia não seja nada vaidosa, seu oficial é competente, vaqueano na lida que escolheu e buenaço no manejo dos avios do ofício. Costuma transformar as mais rebeldes melenas no caprichado corte denominado "meia cabeleira" e se luzir ao "afeitar" barbas de muitos dias, onde a velha navalha deixa a cara dos bacudos "mais lisa que santo de louça".

 

Calendário Ipiranga 1984 - março/abril
Título: Terciando o Ferro
Dimensões:
29,5cm x 23cm (reprodução) - originais pintados em 50cm x 40cm.
Ano / meses:
1984 / março-abril (calendário) - originais feitos entre junho 1983 e julho 1983.
Técnica:
Gouache (têmpera holandesa Talens sobre papel Fabriano montados em chapa de Eucatex).
Observações:
Texto de Berega:
De repente, estranham-se os "muchachos" e estava armado o salseiro. Os tauras, que não eram lerdos, usando poncho e pala como escudos, pelaram os ferros e sairam abrindo cancha. De assustado no mais, o moreno manoteou um tição, mas o velho, mais sábio e experiente, tirou-o do rolo dizendo: "Em briga de touro, terneiro não bate aspas".

 

Calendário Ipiranga 1984 - maio/junho
Título: O Contador de "Causos"
Dimensões:
29,5cm x 23cm (reprodução) - originais pintados em 50cm x 40cm.
Ano / meses:
1984 / maio-junho (calendário) - originais feitos entre junho 1983 e julho 1983.
Técnica:
Gouache (têmpera holandesa Talens sobre papel Fabriano montados em chapa de Eucatex).
Observações:
Texto de Berega:
Como um maravilhoso Esopo, aquele velho contador de "causos" tecia com rara argúcia a teia da fantasia onde adultos e crianças ficavam irremediavelmente presos. Num lugar e numa época em que os chamados progressos das comunicações ainda não haviam penetrado, suas histórias de peleias e assombrações, degolas e "enterros" de libras e patacões encantavam a todos. Que silêncio quando falava da Salamanca, como se fosse o próprio Blau Nunes que encontrasse a princesa moura transformada em teniaguá, nas furnas do Jarau. Onde andará o narrador das coisas simples e ingênuas como sua própria gente, mas que era também o perpetuador da gesta pampeana?

 

Calendário Ipiranga 1984 - julho/agosto
Título: Marca, Sinal e Tarca
Dimensões:
29,5cm x 23cm (reprodução) - originais pintados em 50cm x 40cm.
Ano / meses:
1984 / julho-agosto (calendário) - originais feitos entre junho 1983 e julho 1983.
Técnica:
Gouache (têmpera holandesa Talens sobre papel Fabriano montados em chapa de Eucatex).
Observações:
Texto de Berega:
Movimento de gado e gente, redemoinhando. Zumbido de laço ferindo o ar e o seu som característico, correndo pela argola. Pealo certeiro, o baque surdo do terneiro caindo e a gritaria alegre da peonada. Gritos fortes, espontâneos e atávicos, manifestaação viva de liberdade no espaço e no tempo. "Marca, marqueiro!" Fumaça azul subindo e espalhando o cheiro acre de pêlo e couro queimado. O assinalador, agachado, furando e cortando a orelha, completa, para sempre, a identificação numa baguala heráldica. Um orelhano a menos e, na tarca, um sinal a mais.

 

Calendário Ipiranga 1984 - setembro/outubro
Título: Parteira de Campanha
Dimensões:
29,5cm x 23cm (reprodução) - originais pintados em 50cm x 40cm.
Ano / meses:
1984 / setembro-outubro (calendário) - originais feitos entre junho 1983 e julho 1983.
Técnica:
Gouache (têmpera holandesa Talens sobre papel Fabriano montados em chapa de Eucatex).
Observações:
Texto de Berega:
Diz o antigo ditado: "mais conhecido que parteira de campanha". Porém, não eram apenas as parteiras apenas conhecidas e procuradas, mas, principalmente, respeitadas, porque, na solidão desértica do pampa, seu rancho representava um ponto de esperança. Alguém gritava: - Ó de casa! Logo, ela surgia sempre pronta e, após breve conversa, seguia o vaqueano. Vestida com a bombacha sob a longa saia, para melhor montar a cavalo, já encilhado, que a esperava, partia para algum ponto distante perdido no fundo de alguma invernada. Trazia amarrada à cintura sua tesoura, símbolo mágico da separação de dois seres e do início de uma nova vida, cumprindo seu destino. Mais alguém está para nascer..

 

Calendário Ipiranga 1984 - novembro/dezembro
Título: Cidade de Lona
Dimensões:
29,5cm x 23cm (reprodução) - originais pintados em 50cm x 40cm.
Ano / meses:
1984 / novembro-dezembro (calendário) - originais feitos entre junho 1983 e julho 1983.
Técnica:
Gouache (têmpera holandesa Talens sobre papel Fabriano montados em chapa de Eucatex).
Observações:
Texto de Berega:
A Cidade de Lona é o dormitório e o salão de festas da Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana. É um espetáculo inesquecível ver-se centenas de "carpas", ouvir-se o entrevero de vozes e gritos, guitarras e cordeonas, fumaça e odores. Sente-se à distância o cheiro de carne assada, do sopão, do carreteiro e do puchero. Durante o dia o acampamento é calmo, os últimos ensaios são feitos procurando uma melhor harmonia, um melhor desempenho para as apresentações no Festival. Mas, à noite, o movimento parece camoatim coleado por lagarto. Ali são realizadas as Tertúlias, com manifestações livres, improvisadas, não só por artistas profissionais, mas também por amadores que "pedem a bolada" e sempre se saem bem, pois o objetivo maior é manter viva essa chama que é a tradição pampeana.

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