1981
Texto do Cabeçalho de Raul Pont:
As Tropilhas - Os povos pastores que habitaram o pampa, desde as
Províncias do Prata até a primitiva Província de São Pedro do Rio Grande, se
caracterizavam pelo uso do cavalo nas atividades pastoris, no transporte, nas viagens, na
guerra, no esporte, enfim.
Companheiro inseparável do gaúcho, o cavalo é o grande e insubstituível amigo
do homem campeiro, partícipe que foi de suas glórias e reveses.
Muito embora tenha surgido o concurso eficiente da mecanização, - concorrente
avassaladora do universo agropastoril - mantém o cavalo ainda, uma posição destacada na
evolução humana. As grandes glórias regionais ou da Pátria; os êxitos
bélicos da América inteira, quem sabe, se devem por metade, à presença do
"pingo" amigo. As épicas conquistas americanas, nas refregas das demarcações
de fronteiras; as lutas caudilhescas que definiram novas Pátrias não se teriam dado não
fosse a grande e decisiva contribuição do cavalo. Especialmente do cavalo crioulo. Este
demonstrou sua resistência e adaptação às imensas coxilhas sulinas ajudando o homem em
seus grandes empreendimentos.
Um tipo expressivo do Pampa - uma das figuras mais vigorosas na humanização das
savanas do sul - ficou estereotipado na função do Domador. Esse bárbaro míster do
Pampa agreste que individualiza a coragem e habilidade do gaúcho, que transforma a fera
selvagem no dócil e útil companheiro de suas fainas diuturnas, é, dentre todas, a mais
perigosa. Isto faz com que cavalo e gaúcho se completem, inseparáveis: é a simbiose do
Pampa. A doma é a arte em que se revela toda a habilidade e ciência campeiras e daí
resulta a melhor utilização do mais valioso companheiro do homem.
Sua dedicação e caprichosa convivência se evidencia não só no amanso do gado
xucro, mas particulariza-se no companheiro da lides cotidianas, amigo fiel de todas as
horas, o cavalo.
Esse cuidado e tratamento se ampliam quando na formação das Tropilhas, tem a
paciência de reunir vários equinos do mesmo pelo, nivelando-os pela uniformidade da
pelagem. Nenhum domador chega a uma estânvcia, para ajustar lides de potros ou contratar
domas, sem antes apresentar sua Tropilha, demonstrando as qualidades de domesticação, o
que constituio mais alto requinte de sua profissão.
Essas condições que são transmitidas a oito ou dez exemplares de um único pelo
dão ao contratante a avaliação da capacidade profissional do Domador.
O tratamento consciente e uniforme dá aos baguais a docilidade no freio e fácil
obediência às rédeas, com o comando de todos os seus reflexos, transformando o animal
selvagem e xucro em um bom cavalo de serviço, prestativo aos trabalhos de campo.
Raras são as Estâncias e Cabanhas que não formam suas Tropilhas.
O gaúcvho sempre teve suas preferências quanto a pelagem dos cavalos, certo que
elas também exterorizavam suas qualdiade étnicas do equino. O tipo étnico não difere
apenas por sua morfologia, mas também se evidencia através da pelagem que se manifesta
nas cores hereditárias.
As invasões e as conquistas espanholas vieram ensinar aos nativos outros aspectos
que lhes eram desconhecidos no aproveitamentodo cavalo, como arma de guerra e meio de
transporte, ao tempo das primeiras colonizações européias.
As introduções de equinos europeus, em costas de Vera Cruz ou as do Prata, com
Pedro de Mendoza, traziam uma linhagem de barbos, andaluzes ou árabes, de pelos escuros
definidos , que não ofereciam a variedade de pelagens autóctones somente surgidas
surgidas depois de um longo processo de miscigenação, definidos como crioulos,
resultantos do conjunto mesológico e enrigecidos pelos ventos minuanos ou pampeiros.
Algumas teorias poderiam pretender a autogênese americana, quem sabe.
Também provindos do Pacífico, do Perú, vanguardeiras manadas saltaram os Andes
à procura de mais fartas pastagens e se alimentaram no Pampa, especialmente às margens
do Paraná, nas Províncias da Mesopotâmia argentina, nos imensos criatórios do centro
americano. Emiílio Solanet assevera que a genealogia equina tenha sofrido efeitos
telúricos a tal ponto que as determinadas regiões manifestem maior abundância deste ou
daquele pelo. Considerou até mesmo o quanto poderiam influir nas pelagens as mais
variadas zonas geográficas. Solanet diz haver encontrado as pelagens existentes na raça
crioula argentina difundidas no Chile, Paraguai, Uruguai, Brasil e México.
O célebre naturalista AZARA, de reconhecida autoridade pelo precioso legado
científico que deixou, afirma a mesma teoria, reforçando-a com observações feitas em
nosso litoral, onde encontrou predominâncias específicas de pigmentação.
As influeências aborígenes, à medida que que os nativos superavam o domínio do
cavalo, também são apontadas pelos mais célebres etimólogos, tal como SAMUEL LAFONTE
QUEVEDO eo erudito araucanista JUAN BENIGAR. Aí se firma o conceito já generalizado de
que o pelo característico da raça crioula é o GATEADO ou o BAIO, com suas vairações.
Em épcas passadas, no Pampa gaúcho, foram os guaicurús do sul reconhecidos como
os cavaleiros mais destros e os principais fatores de introdução do cavalo nas lides
campesinas. Durante as conquistas, arrebanhavam aos espanhóis manadas de potros e éguas
ventenas, que conduziam a lugares ermos e distantes, onde confinavam para procriarem em
plena liberdade. Depois que os amansavam, os negociavam com outras tribos. Nas plagas
rio-grandenses, primitivamente dominados pelos guenoas e seus afins, os charruas, os
boanes, os minuanos, e os yaros foram os proliferadores do equino. Davam preferência aos
OVEROS e afeiçoaram-se tanto ao cavalo que o fizeram figura lendária e fantasiosa.
Os charruas e minuanos ficaram retratados como autênticos dominadores do cavalo:
suas gerrilhas foram temíveis quando comandavam cargas de cavalaria, deitados à ilharga
do corcel, o que dava ao inimigo a impressão de que era apenas uma manada de animais em
disparada. Mas em dado momento, os cavaleiros se incorporavam, sugindo os bárbaros
efeitos da carga.
Há distinção nas pelagens, quando se as estuda sob o aspecto geral, pela
corloração que cobre toda a superfície do corpo, assim como as alterações que estas
sofren sob os efeitos das cores da crina e cauda. As manchas da cabeça, assim como
também as diferenciações particulares dos membros, tanto dianteiros como traseiros ou
mesmo em forma alternada, alteram a classificação do pelo.
A pelagem que prevalece é, pois, a que se distingue pelo conjunto do corpo, que
dá grandes classificações e uma série de derivados para cada uma. Assim, se admitem
como básicas: os pelos brancos, gateados, baios, cebrunos, lobunos, alazão, colorados,
doradilhos, zainos, escuros, tordilhos, mouros, rosilhos e overos, cada um desses com uma
série de subclassificações ressaltando as cores mais pronunciadas ou as mais
desbotadas. Os pelos se identificam quanto mais carregadas as cores em certas partes do
corpo do equino e também obedecem detalhes mesológicos na pigmentação.
A cabeça do cavalo oferece particularidades que podem diferenciar dos demais,
embora do mesmo pelo, por exemplo, um picaço-malacara e um picaço-oveiro.
Finalmente se observam distinções baseadas no colorido dos membros, o que
acrescentaria ao pelo mais uma particularidade de acordo com os vocabulários regionais,
chamando-os de "cabos negros", "cabos brancos" ou "patas
brancas", "calçado", "zebrado", "argel",
"maneado" e outras minúcias tão facilmente observadas pela argúcia do
campeiro.
Os estudos filológicos de JUAN P. GRENÓN, na famosa HÍPICA HISTÓRICA e na Coleção
SOLANET, se aprofndaram em investigações desde a aépoca colonial, evidenciando
vocábulos difundidos pelos conquistadores e colonizadores nos séculos XVI e XVII.
Chegamos à conclusão que a formação das Tropilhas se deu por um princípio de
espontaneidade natural, obedecendo a imperativos mesológicos e reunidas pela
égua-madrinha que conquista a liderança de todos os equinos que formam o seu clã - por
ela orientados e protegidos desde o seu nascimento - e com quem os compnentes da Tropilha
se afeiçoam. Da mesma forma a égua-madrinha expulsa do bando um ou outro componente do
bando não aceito por ignorados institntos repulsivos, por vezes sendo travadas lutas de
incontida ferocidade. O mesmo fato se reproduzia com os muares com a diferença de que, em
tratando-se de híbridos, as mulas obedeciam a "mula-guia", que correspondia à
"madrinha" nos equinos.
O presente calendário, com as gravuras que seguem, reproduzindo acontecimentos
verídicos da história do Rio Grande do Sul, envoca algumas Tropilhas de pelagens
diferentes, já que seria impossível, nas seis lâminas que apresenta, retratar a vasta
gama de matizes que fazem o encantamento das pelagens equinas.
As práticas campesinas ensinaram ao gaúcho um punhado de experiências: "...
que não deve confiar em Tobianos, nem Bragados, nem Melados; que para a égua o melhor
era Tordilho; que, para tudo, o melhor era o Tostado e para fazer muito era o
Tapado."
"Se alguma vez se encontrasse um andante com os arreios às costas, bastaria
perguntar-lhe: "onde ficou o Baio?..."
Lembramos uma das mais autênticas vozes do Rio Grande do Sul, o insígne poeta
regionalista VARGAS NETO, em seu astro magistral: ... "POIS QUEM NÃO SENTE ORGULHO
PELO PINGO NÃO NASCEU NESTES PAGOS COM CERTEZA."
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Título: A Tropilha de Oveiros do Cacique Cloyan
Dimensões: 36,5cm x 23,5cm (reprodução da imagem) -
originais pintados em 75cm x 55cm.
Ano / meses: 1981 / janeiro-fevereiro (no calendário) - originais pintados entre
01/08/1980 e 03/10/1980.
Técnica: tinta sintética sobre couro (vaqueta).
Texto/Observações: Texto de Raul Pont e Ilustração de
Berega.
No início do século XVIII, a fvronteira Sudoeste da Província experimentava a
expansão da cultura jesuítica. Avessos à catequese, os índios "infiéis"
formaram a Confederação dos Guenoas. Onze toldarias se agruparam com o nome de
FRENTONES, reunindo charruas, guenoas, iarós, mboanes e outros bárbaros. Povoaram as
margens do Rio Uruguai, com suas esteiras ao sul do Ibicuí, dominando a Estância de
Japejú, com o propósito de arrasarem os Sete Povos e se apossarem das vacarias e das
cavalhadas xucras. Vários caciques chefiavam as toldarias, estando entre eles Mazelo,
Tomoi, Nocuibilen, Cloyan e outros.
Depois da morte de Mazelo, foi eleito o mais bravo dentre eles: CLOYAN. Boleava
admiravelmente os potros xucros, domando-os com perícia e paciência. CLOYAN formara uma
tropilha de baguais oveiros, para gaudio de toda toldaria que o respeitava como guerreiro.
Os Frentones tinham predileção pelos OVEIROS, por serem vistosos, corredores e fáceis
de camuflar. O OVEIRO apresenta grandes manchas vermelhas ou pretas sobre o corpo branco,
dizendo-se oveiro-vermelho ou oveiro-negro.
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Título: A Tropilha de Tordilhos do Catí
Dimensões: 36,5cm x 23,5cm (reprodução da imagem) -
originais pintados em 75cm x 55cm.
Ano / meses: 1981 / março-abril
(no calendário) - originais pintados entre 01/08/1980 e
03/10/1980.
Técnica: tinta sintética sobre couro (vaqueta).
Texto/Observações: Texto de Raul Pont e Ilustração de
Berega.
No Sudoeste Pampeano, assinalado pela sequência de marcos divisórios, a Estância do
Catí se adentrava como uma cunha de segurança nacional na brecha de duas pátrias
vizinhas.
Detendo os atropelos maragatos, na fronteira castelhana, a Estância do Catí se
transformou em Quartel, onde se adestrava uma Brigada de Cavalaria, com carta branca de
Júlio de Castilhos. Os maulas que gavionavam, gambeteando as três fronteiras, não
tiveram outra opção: se bandearam para o Estado Oriental.
No coxilhão formado entre os arroios Catí e Garupá, era de ver-se uma formatura da
disciplinada "brigada", montando em mais de trezentos cavalos tordilhos, sob o
rígido comando do enérgico Coronel. A linda cavalhada de pelo branco, puxada por uma
banda marcial, oferecia uniforme e belíssimo espetáculo. Não entrava outro pelo no
Regimento. Para os seus passeios ou para as formaturas da tropa, o Coronel mantinha uma
escolhida tropilha de TORDILHOS, que eram amadrinhados por uma égua negra. O som do
cincerro e o faro da querência acolherava a tropilha, não fazendo diferença do pelo da
madrinha!
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Título: A Tropilha de Dona Francisca
Bernardina de Magalhães.
Dimensões: 36,5cm x 23,5cm (reprodução da imagem) -
originais pintados em 75cm x 55cm.
Ano / meses: 1981 / maio-junho (no calendário) - originais pintados entre 01/08/1980 e 03/10/1980.
Técnica: tinta sintética sobre couro (vaqueta).
Texto/Observações: série histórica que Berega fez para a Fertisul em quadros
pintados em suporte de couro. Assina no canto infeior direito no estilo antigo com o ano
de 1980. O texto que segue é de Raul Pont:
A Tropilha de Dona Francisca Bernardina de Magalhães - Joaquim dos
Santos Prado Lima nasceu em Rio Pardo, em 1802, e era filho do cirurgião-mor Joaquim
José do Prado Lima. Estiveram unidos aos revolucionários desde Piratini, de onde
mudaram-se para Alegrete, em 1842, quando esta Vila se transforma na nova Capital
Farroupilha. Eleito deputado à Assembléia Constituinte, optou pela chefia da Milícia de
Fronteiras, que guarnecia a Campanha Sudoeste da Província.
Junto a Domingos de Almeida, foram os fundadores da Vila de Uruguaiana, que até então
era o 2º Distrito de Alegrete. Fundou a Estância dos Prados - nove léguas de campos no
Sarandi, de Lagoa da Música até a Queimada - e retornou a Rio Pardo para casar-se
com Francisca Bernardina de Magalhães, filha do sesmeiro e Alferes Francisco Luiz de
Magalhães e Barros. Bernardina era gaúcha de avoengas tradições e não desejava deixar
em Rio Pardo sua TROPILHA DE POTRANCAS ZAINAS, presente de casamento de seu tio e
padrinho, o Major Ricardo José de Magalhães, de São Sepé.
Prado Lima acedeu à sua vontade e ambos fizeram a mais romântica cavalgada desde
Cachoeria às barrancas do Uruguai, numa longa viagem de dezesseis dias.
Uma carreta com a mudança e os "trens" de cozinha acompanhou-os no percurso de
mais de oitenta léguas. A famosa tropilha de potrancas zainas seguiu a
"madrinha", chagando aos campos fronteiriços aumentada de um lindo potrilho...
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Título: Os Birivas e as Tropilhas de Mulas
Dimensões: 36,5cm x 23,5cm (reprodução da imagem) -
originais pintados em 75cm x 55cm.
Ano / meses: 1981 / julho-agosto
(no calendário) - originais pintados entre 01/08/1980 e
03/10/1980.
Técnica: tinta sintética sobre couro (vaqueta).
Texto/Observações: Texto de Raul Pont e Ilustração de
Berega.
Descendo a Serra do Ibia, chefiando uma escolta de batedores, desde as brenhas do Passo
Fundo, vizinha o Alferes de Milícias ATANAGILDO PINTO MARTINS, subalterno do Capitão
ANTÔNIO DA ROCHA LOIRES, famosos tropeiros provindos de Guarapuava, pioneiros no
comércio de mulas.
Superior às transações de gado, o mercado muleiro marcou importante fase da economia
gaúcha. Os serranos que se aventuravam ao penoso míster, foram apelidados de BIRIVAS,
dado suas origens, a terra dos beribás. Vinham até a fronteira Sudoeste, onde, através
do Rio Uruguai, compravam os muares contrabandeados de Entre-Ríos, formando imensas
tropas, que eram conduzidas até Sorocaba ou até Minas Gerais. As mulas eram o melhor
meio de transporte de que se dispunha. Cem, duzentos muares, puxados pelo vaqueano e pela
"Mula-Guia", carregavam em bruacas de couro, utilidades, roupas e alimentos.
MARIANO PIMENTEL foi famoso "muladeiro" de Santo Antônio da Patrulha e formou
uma tropilha de MULAS ZAINAS NEGRAS. O espetáculo é raro em nossos dias: o híbrido
equino e asinino já está desaparecido, suplantado pelas novas técnicas do transporte
mecânico.
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Título: Os Gateados do Caiboaté
Dimensões: 36,5cm x 23,5cm (reprodução da imagem) -
originais pintados em 75cm x 55cm.
Ano / meses: 1981 / setembro-outubro (no calendário) - originais pintados entre
01/08/1980 e 03/10/1980.
Técnica: tinta sintética sobre couro (vaqueta).
Texto/Observações: Texto de Raul Pont e Ilustração de
Berega.
Estimado estancieiro da fronteira, era proprietário de campos finos, na costa do
Caiboaté. Com paciência e alguns cruzamentos, formou uma vistosa tropilha de pelo
gateado, cabos negros e brancos. A tropilha pertencia à sua esposa, de tradicional
família da região. O negro FIRMINO era o tratador dos fletes e mantinha-os sob extremado
cuidado: todos os dias lhes dava um "galope" e os exercitava, trazendo os
cavalos bem delgados, prontos para os passeios da Patroa. Certo dia, um bando de ciganos
acampou naquelas querências, onde ficaram algum tempo, rebatendo seus tachos de cobre. O
casal de estacieiros residia na cidade, mas todas as semanas vistoriavam a Estância,
dirigindo-se à ela num carro americano, com o qual venciam as sete léguas bem puxadas.
Firmino foi encontrar os patrões, na volta do brete, pastoreando os Gateados...
Ao passarem no acampamento, o chefe dos zíngaros deslumbrou-se com a beleza da Tropilha e
logo se propôs comprá-la a qualquer preço. O cigano parecia ser muito rico, trazia os
aperos retovados de prata e a forma como viviam era abundante. Interpelou aos estancieiros
e fez uma oferta tentadora: daria cinquenta libras de ouro pela Tropilha. O cigano, afeito
a quaisquer negócios, insistia na proposta e poderia aumentá-la, tal o desejo de possuir
os belos cavalos. Mas não houve acertos. Valor algum pagaria o carinho que dedicavam aos
cavalos - todos da mesma marca e crioulos da Estância. É a simbiose do pampa que
afeiçoa e consolida a amizade aos fiéis companheiros do gaúcho.
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Título: A Tropilha do Capitão José Borges
do Canto
Dimensões: 36,5cm x 23,5cm (reprodução da imagem) -
originais pintados em 75cm x 55cm.
Ano / meses: 1981 / novembro-dezembro (no calendário) - originais pintados entre
01/08/1980 e 03/10/1980.
Técnica: tinta sintética sobre couro (vaqueta).
Texto/Observações: Texto de Raul Pont e Ilustração de
Berega.
O conquistador do território das Missões Orientais do Uruguai - que voltara a ser
possessão espanhola, em 1801 - se reunira aos fronteiros GABRIEL RIBEIRO DE ALMEIDA,
Tenente de Milícias, MANOEL DOS SANTOS PEDROSO e ANTÔNIO DE ALMEIDA LARA, Tenente da
Capitania de São Paulo, formando um grupo volante de quarenta homens. Borges do Canto era
filho de lagunenses e açorianos e andava foragido por ser desertor do Regimento de
Dragões do Rio Pardo.
Por serviços prestados à Capitania do Rio Grande de São Pedro, apresentou-se ao Tenente
Coronel PATRÍCIO JOSÉ CORRÊA DA CÂMARA, pedindo licença "para fazer algumas
hostilidades ao inimigo", pelo que lhe foi perdoada a falta de deserção e concedida
a patente de Capitão. Traficando contrabandos, munido de uma carta patente do Dr José
Saldanha foi "vaquear" nas barrancas do Rio Arapeí, hoje República Oriental do
Uruguai (Salto) mas na época admitidas como fronteiras portuguesas. Na confluência do
Arapeí Grande e Arapeí Chiuco, estavam os "blandengues" emboscados e o mataram
por haver resistido à prisão.
A Tropilha de TOSTADOS RUANOS, formada de redomões ventenas, ao perderem seu dono,
consegue escapar e foi trazida pelo cincerro da égua madrinha OVERA, numa disparada de
vinte léguas, farejando os campos da querência e chegando aos acampamentos do Quaraí.
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