ENTREVISTAS e REPORTAGENS

As entrevistas com Berega são raras pois é um homem um tanto tímido para a mídia, um pouco introspectivo e de poucas palavras. Mas algumas das que concedeu em revistas e jornais podem ser vistas aqui, conhecendo-se e relembrando um pouco do que disseram sobre seu trabalho e sobre o que ele mesmo disse.

 Jornal do Comércio (Porto Alegre), 06 de dezembro de 1977:
Reportagem - chamada de capa e pg. 7 a 9

Reportagem Jornal do Comercio 06 dez 1977Reportagem Jornal do Comercio 06 dez 1977
Reportagem Jornal do Comercio 06 dez 1977Reportagem Jornal do Comercio 06 dez 1977    Cavalo, a inspiração da arte de Berega
    Ninguém chama e poucos o conhecem por seu verdadeiro nome: Luiz Alberto Pont Beheregaray. Familiarmente e artitiscamente ele é BEREGA, um gaúcho nascido em Uruguaiana e que desde pequeno tem amor ao desenho e também às coisas nossas, em especial ao cavalo. Pois esse amor especial ao cavalo levou Berega a realizar estudos sobre esse animal.
       Berega sempre teve gosto pelo desenho. Não é um artista formado em Universidade. A arte ele trouxe de berço, e em épocas atrás fez um estágio de anatomia humana com Aldo Locatelli. No princípio fazia logotipos, desenho em estamparia, etc.
  O CAVALO, UMA INSPIRAÇÃO - Criado numa zona tradicional de pecuária, Berega sempre teve um amor especial pelo cavalo, e essa ligação lhe trouxe a inspiração para executar suas obras, primeiramente sobre o couro, usando uma técnica de tintas industriais. As primeiras encomendas foram do cavalo árabe. Depois retratou o campeão da raça Crioula na Exposição de Esteio, e também um campeão americano da raça Quarto de Milha. Berega afirma que não tem preconceito de raças, explicando a razão de seu primeiro lançamento especial.
   ESTUDOS DE CABEÇA - Berega se dedica atualmente ao cavalo, e diante de muita insistência e interesse de várias empresas em adquirir sua arte para brindes de Natal, o artista gaúcho resolveu fazer um lançamento especial, com o título "Garanhões Árabes - Estudos de Cabeças - por Berega". Trata-se de 80 álbuns cuja capa tem uma reprodução em serigrafia, contendo cinco cabeças de cavalos (que ilustram nossa Capa e nossa reportagem), cujos desenhos foram baseados nos Puro Sangue Árabes do Haras Verona, Alcalá e El Aduar, aqui do Estado. A técnica utilizada foi Grafite e as medidas dos originais são de 50 x 35 cms. Os desenhos das pastas desta triagem, foram reproduzidos em papel "Westerprint" - 240 gramas, numeradas e assinadas individualmente pelo autor. Tudo foi executado no Estúdio El Basco, de propriedade do autor.
   Agora está em preparo o seu segundo Álbum, que será desenhos de potrilhos. Berega já tem trabalhos encomendados pelo Rio e São Paulo, e sua próxima série irá também para o Uruguai, Argentina, Estados Unidos, além de vários Estados brasileiros.
    Sem dúvida alguma, essa magnífica obra deste artista gaúcho já tem tem seu sucesso antecipadamente garantido por tudo de bom que ela contém.
    Berega, apelido que vem da simplificação do seu sobrenome Beheregaray, e que lhe foi dado no tempo de colégio em Uruguaiana, por dois colegas de estudos, que eram cariocas, veio para Porto Alegre em 1958, mas continua ligado a sua Uruguaiana, onde ainda reside grande parte da família. Teve vários convites para expor, mas por enquanto prefere continuar realizando sua arte, afastado das galerias.

 

Jornal Ilustrado, Suplemento Regionalismo e Tradição (Uruguaiana) ano 2, nº57, 28 de dezembro de 1978:
Reportagem - Milton Souza

Jornal Ilustrado Uruguaiana 28dez1978    CALENDÁRIO IPIRANGA - Absoluto sucesso está causando o calendário do Ipiranga S.A. para o ano de 1979. De autoria de Luiz Alberto Pont Beheregaray - o Berega -, nosso conterrâneo, hoje radicado em Porto Alegre, o calendário é composto de motivos gauchescos, revivendo uma época que, aos poucos, vai desaparecendo do dia-a-dia de nossa vida campesina, retratados com muita graça e, ao mesmo tempo, rara fidelidade. Com o calendário, Berega soma pontos em sua já vitoriosa trajetória de artista, cujas pinturas são hoje disputadas dentro e fora do Rio Grande do Sul.

 

 

 

 


 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 30 de dezembro de 1978:
Reportagem

Jornal Folha da Tarde 30 dezembro 1978    O GAÚCHO DO PASSADO NO CALENDÁRIO 1979 DA IPIRANGA - Músicos chegando para o baile, madrugada na estância, o namoro contrariado do gaúcho, são algumas das situações ilustradas com humor por Berega que compõem o Calendário 1979 da Ipiranga (Refinaria e Distribuidora), produzida pela MPM Propaganda. A intenção é mostrar para as novas gerações alguns usos e costumes do gaúcho que oprogresso fez desaparecer domeio rural. O último quadro apresenta "o tropeiro de hoje", um motorista com seu caminhão carregado de animais que, através de objetos aplicados no veículo, procura lembrar as montarias do passado. 

 

 

 

Jornal Correio do Povo (Porto Alegre), 31 de dezembro de 1978:
Reportagem

Correio do Povo 31 dezembro 1978    A Ipiranga já está distribuindo o seu calendário de 1979. Ele é todo quase composto de reminiscência, com ilustrações do artista Berega. As lembranças, as raízes e o passado fazem parte das peças, evocando algo do qual não nos libertamos totalmente, principalmente para uma geração que viu em poucos anos a fantástica transformação que o progresso causou no mundo e seus naturais reflexos no meio rural. À ironia e à linha jocosa dos traços de Berega, principalmente na ilustração do gaúcho que rouba o cavalo do patrão para namorar no domingo, não se pode negar a conotação hist'roica de uma época já morta ou em extinção no Rio Grande do Sul. Este é o caso, por exemplo, do quadro sobre o "tropeiro de hoje", onde Berega expõe um caminhão todo incrementado, transportando gado.

 

 

 

 


Jornal do Comércio (Porto Alegre), 9 de janeiro de 1979:
Reportagem
Jornal do Comércio 09 de janeiro 1979
    A Ipiranga já está distribuindo o seu calendário de 1979. Ele é todo quase composto de reminiscência, com ilustrações do artista Berega. As lembranças, as raízes e o passado fazem parte das peças, evocando algo do qual não nos libertamos totalmente, principalmente para uma geração que viu em poucos anos a fantástica transformação que o progresso causou no mundo e seus naturais reflexos no meio rural. À ironia e à linha jocosa dos traços de Berega, principalmente na ilustração do gaúcho que rouba o cavalo do patrão para namorar no domingo, não se pode negar a conotação hist'roica de uma época já morta ou em extinção no Rio Grande do Sul. Este é o caso, por exemplo, do quadro sobre o "tropeiro de hoje", onde Berega expõe um caminhão todo incrementado, transportando gado.

 

 

 

 


 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 06 de janeiro de 1979:
Reportagem - coluna H. Honório

Jornal Folha da Tarde - 06 jan 1979    ...
    MPM Propaganda, enviando à coluna o bem bolado calendário da Ipiranga para o ano de 1979, com ilustrações do Artista Berega sobre temas gauchescos.
    ... 

 

 

 

 

 

 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 06 de janeiro de 1979:
Reportagem - Coluna Luiz C. Lisboa

Jornal Folha da Tarde - 06 jan 1979     ...
    O calendário da Ipiranga é todo com desenhos de Berega, feitos com ironia e mostrando a influência do progresso no meio rural.
    ... 

 

 

 

 

Jornal Zero Hora - Suplemento Economia (Porto Alegre), 7 de janeiro de 1979:
Reportagem

Jornal Zero Hora 07 de janeiro de 1979    Na época de criação de novos calendários, a Ipiranga surge com mais uma peça de bom gosto. O calendário 1979 da empresa é todo composto de reminiscência, com ilustrações do artista ,Berega. As lembranças, as raízes e o passado do Rio Grande fazem parte das peças, com ironia e a linha jocosa dos traços de Berega.

  

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Zero Hora (Porto Alegre), 14 de janeiro de 1979, pg. 32:
Reportagem

Jornal Zero Hora - 14 jan 1979    A Ipiranga já está distribuindo o seu calendário de 1979. Ele é todo quase composto de reminiscência, com ilustrações do artista Berega. As lembranças, as raízes e o passado fazem parte das peças, evocando algo do qual não nos libertamos totalmente, principalmente para uma geração que viu em poucos anos a fantástica transformação que o progresso causou no mundo e seus naturais reflexos no meio rural. À ironia e à linha jocosa dos traços de Berega, principalmente na ilustração do gaúcho que rouba o cavalo do patrão para namorar no domingo, não se pode negar a conotação hist'roica de uma época já morta ou em extinção no Rio Grande do Sul. Este é o caso, por exemplo, do quadro sobre o "tropeiro de hoje", onde Berega expõe um caminhão todo incrementado, transportando gado.

 

 

 

 

Jornal Correio do Povo, Suplemento Rural (Porto Alegre), 30 de março de 1979, pg. 10:
Reportagem

Jornal Correio do Povo - 30 março 1979    BOAS INSCRIÇÕES NA MOSTRA DE RÚSTICOS ANGUS E HEREFORD
    ...
   
PREMIO ESPECIAL
    Foi instituído um Prêmio Especial ao Melhor Animal da Exposição de Rústicos Angus. A oferta foi feita pelo dr. Ernesto Silveira Netto, cabanha Horizonte, Osório.
    A idéia é de dar estes prêmios nas exposições de Esteio, mas aproveitando esta primeira organização do Núcleo, este vai ser conferido excepcionalmente agora em abril. Trata-se de um quadro pintado em couro pelo artista rio-grandense Berega, de um moderno touro Angus.
    Para fixar o novo prêmio, foi estabelecido um regulamento, a seguir transcrito: ....
    ...

    Foto:
Angus de Berega - pintura em couro do artista gaúcho Berega de um touro Aberdeen Angus.

 

 

 

Jornal do Comércio, Suplemento Agropecuária (Porto Alegre), 03 de abril de 1979, pg. 2-3:
Reportagem

Jornal do Comércio - 03 de abril de 1979Jornal do Comércio - 03 de abril de 1979Jornal do Comércio - 03 de abril de 1979    RÚSTICOS ABERDEEN ANGUS E HEREFORD O DESTAQUE DO FIM-DE-SEMANA EM ESTEIO - ABERDEEN ANGUS DE BEREGA NA CONTRACAPA
    O Aberdeen Angus que está na contracapa do Suplemento é uma obra de arte do conhecido Berega, um artista cuja fama já cruzou as fronteiras e que é conhecido como o mais destacado pintor de cavalos deste país e talvez da América. A foto é do quadro-prêmio que será entregue ao proprietário do melhor animal da Exposição de Rústicos em Esteio. É um trabalho de 90 x 70 cms, pintado com tintas industriais sobre couro, e que forçou o artista a fugir de sua temática principal, tornando-se então um vasto e demorado trabalho de pesquisa, baseado em vários touros da raça Aberdeen Angus. Berega, através de sua vivência campeira, tem se destacado pelos retratos de cavalos, hoje espalhados por todo o Brasil e países sulamericanos.
    ...
    PRÊMIO NÚCLEO CENTRO SUL
    O Núcleo Centro sul com sede em Porto Alegre tentando fugir do lugar comum de taças e bandejas vão premiar na I Exposição de Rústicos Aberdeen Angus o melhor animal exposto com um quadro retratando o ideal criatório da raça. Este quadro surge como uma inovação em termos de premiação, despertando os criadores para a perpetuação da beleza plástica dos animais. Outro ponto levantado pelo criador Ernesto Silveira Netto é a preocupação de desencadear um movimento cultural em torno da pecuária passando o Rio Grande do Sul a assumir a posição de destaque nesta área através da criação de verdadeiras pinacotecas caseiras a exemplo de outros países.
    Este prêmio instituído em caráter permanente para as exposições de Aberdeen Angus em Esteio, motivou pela primeira vez na América do Sul a reunião de criadores para discussão sobre o animal ideal, a perfeição e até mesmo o sonho de todos os criadores.
    A troca de idéias em torno do ideal da raça segundo Ernesto Silveira Netto, trouxe um enriquecimento muito proveitoso e que pode servir para abrir caminho para outros centros da raça. Ernesto Silveira Netto recorda que os critérios de perfeição da raça têm variado através dos anos. Os primeiros eram beixos e com muita gordura, hoje o "New Type" exige animais altos, de pernas longas, compridos no lombo e pouca gordura. Como os critérios estão em constante mutação, todos os anos a comissão estará reunida a fim de formar novo consenso em torno do animal perfeito. A comissão é formada pelo presidente da ABAA, coordenador do Núcleo Centro Sul e secretário. 
    ...

Jornal do Comércio, Suplemento Agropecuária (Porto Alegre), 04 de setembro de 1979:
Reportagem
Jornal do Comércio - 04 de setembro 1979    CAVALO ÁRABE
    PRESENÇA DE PRESTÍGIO E DIVULGAÇÃO
   O jurado Frederico Garcia Brum, foi secretáriado pelo artista Berega, e gostou muito da qualidade dos produtos apresentados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 24 de dezembro de 1979, pg. 23:
Reportagem

Jornal Folha da Tarde - 24 de dezembro de 1979    CALENDÁRIOS DA IPIRANGA E DA HOECHST
    Além do objetivo básico que é o de informar os dias e os meses do ano, algumas empresas procuram dar maior utilidade aos calendários que distribuem como brinde nos fins do ano. A Ipiranga, para 1980, apresenta mais uma vez, em seu calendário a cultura e os artistas do Rio Grande do Sul. As gravuras são de Berega (Luiz Alberto Pont Beheregaray), com cenas da "Estação"(foto acima), "Benzedeira, Mudança, Retruco, Sacando Peludo e Bolicho de Campanha".
    ... 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Correio do Povo (Porto Alegre), 13 de dezembro de 1979, pg. 25:
Reportagem

correiodopovo13121979.jpg (9479 bytes)    O Calendário da Ipiranga, para 1980, divulga motivos e artistas gaúchos. Gravuras de Luiz Alberto Pont Beheregaray ilustra seis gravuras que preservam imagens de certas situações que identificam crenças e vivências do RS. 

 

Jornal do Comércio (Porto Alegre), 13 de dezembro de 1979, pg. 8,
Reportagem

Jornal do Comércio - 13 de dezembro de 1979
   Como já vem fazendo há vários anos, a Ipiranga faz do seu calendário, um motivo para valorizar e divulgar a nossa cultura e os artistas gaúchos. Neste calendário de 1980, traz Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) para ilustrar com humor e muito detalhe as seis gravuras que preservam as imagens de certas situações que sempre vão identificar nossas crenças e vivências.
   Com um texto referente a cada gravura, Berega descreve cenas da "Benzedeira", "Mudança", "Retruco", "Sacando Peludo", "Estação" e "Bolicho de Campanha".

 

 

Jornal Zero Hora (Porto Alegre), 13 de dezembro de 1979, pg. 26:
Reportagem

Jornal Zero Hora - 13 de dezembro de 1979    Ipiranga repete, no seu calendário de fim de ano, os excelentes desenhos de Luiz Alberto Pont Beheregaray, com cenas da Benzedeira, Mudança, Retruco, Sacando Peludo, Estação e Bolicho de Campanha. 

 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 17 de dezembro de 1979, pg. 8
Reportagem

Jornal Folha da Tarde - 17 dezembro de 1979
   Como já vem fazendo há vários anos, a Ipiranga faz do seu calendário, um motivo para valorizar e divulgar a nossa cultura e os artistas gaúchos. Neste calendário de 1980, traz Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) para ilustrar com humor e muito detalhe as seis gravuras que preservam as imagens de certas situações que sempre vão identificar nossas crenças e vivências.

 


Jornal do Comércio (Porto Alegre), 20 de dezembro de 1979, pg. 10:
Reportagem

    Como já vem fazendo há vários anos, a Ipiranga faz do seu calendário, um motivo para valorizar e divulgar a nossa cultura e os artistas gaúchos. Neste calendário de 1980, traz Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) para ilustrar com humor e muito detalhe as seis gravuras que preservam as imagens  de certas situações que sempre vão identificar nossas crenças e vivências.
    Com um texto referente a cada gravura, Berega descreve cenas da "Benzedeira", "Mudança", "Retruco", "Sacando Peludo", "Estação" e "Bolicho de Campanha". 

 

Jornal do Comércio (Porto Alegre), 2 de janeiro de 1980, pg. 10:
Reportagem


Jornal do Comércio - 02 de janeiro de 1980
   "O Cavalo e o Transporte" é o tema do calendário de 1980 da Fertisul e Adubos Ipiranga. Seguindo a tradição dos últimos anos na abordagem de temas regionais, em sua nova edição o calendário mostra no texto e nas ilustrações a importância do cavalo como elemento profundamente ligado aos usos e costumes do gaúcho, ao seu trabalho e ao seu lazer. São seis lâminas criadas pelo artista Berega e textos pesquisados pelo professor Raul Pont.

 

 

 

 

 

 

 


Jornal do Comércio (Porto Alegre), 3 de janeiro de 1980, pg. 12:
Reportagem

Jornal do Comércio - 03 de jan de 1980    CALENDÁRIO 1980 DA IPIRANGA
    "O Cavalo e o Transporte" é o tema do calendário de 1980 da Fertisul e Adubos Ipiranga. Seguindo a tradição dos últimos anos na abordagem de temas regionais, em sua nova edição o calendário mostra no texto e nas ilustrações a importância do cavalo como elemento profundamente ligado aos usos e costumes do gaúcho, ao seu trabalho e ao seu lazer. São seis lâminas criadas pelo artista Berega e textos pesquisados pelo professor Raul Pont. 

 

 

 

 

 

 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 3 de janeiro de 1980, pg. 8:
Reportagem

Jornal Folha da Tarde - 03 de janeiro de 1980    "O cavalo e o transporte", constituindo-se o tema do calendário de 1980 da Fertisul e Adubos Ipiranga, seguindo a tradição dos últimos anos na abordagem de assuntos regionais, mostrando no texto e nas ilustrações a importância do cavalo como elemento profundamente ligado aos usos e costumes dogaúcho, ao seu trabalho, ao seu lazer, integrando-se no mesmo seis lâminas criadas pelo artista Berega e textos pesquisados pelo Prof. Raul Pont; ...

 

 

 

Jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), 7 de janeiro de 1980, pg. 23:
Reportagem

Jornal Folha da Tarde - 07 de janeiro de 1980    USO DO CAVALO NO CALENDÁRIO DA FERTISUL
    Fertisul e Adubos Ipiranga também escolheram temas regionais para ilustrar o seu calendário de 1980. Este vem bem a propósito de uma época  como a atual em que o apelo é economizar combistível derivado de petróleo, apelo que parte, incluisve, de altas autoridades governamentais, incentivando o uso de opções esquecidas pelo que o progresso trouxe de mais avançado. Este calendário mostra, em seis lâminas , a utilização do cavalo no transporte, começando por "Gato e Mancha", dois animais da Argentina que de 1925 a 1928 cobriram o percurso de Buenos Aires a Nova Iorque andando 21.500 quilômetros. Seguem-se "O Arado" (foto), "O Chasque" (estafeta para longas distâncias), "A Diligência", "A Pipa d'Água", e "Os Bondes Puxados a Cavalo". O artista é mais uma vez Luiz Alberto Beheregaray (Berega) e os textos são de Raul Pont, pesquisador e historiador. 

 

 



Jornal Zero Hora
(Porto Alegre), 25 de fevereiro de 1980, pg. 32:
Reportagem

Jornal Zero Hora - 25 de fevereiro de 1980    DIVULGADOS MELHORES DA PROPAGANDA NO RGS
...
      ... 23. Melhor Calendário: "O Cavalo e o Transporte" - MPM para Fertisul;
      ... 

 

 

 

 

 

 

Jornal Correio do Povo, Suplemento Rural (Porto Alegre), 13 de junho de 1980, pg. 8:
Reportagem

Jornal Correio do Povo - 13 de junho de 1980    VICE-PRESIDENTE FOI CONHECER OS ÁRABES DO HARAS VERONA
    ...
    Ao encerrar sua visita, o vice-presidente Aureliano Chaves recebeu como lembrança da família Pacheco Prates, um óleo sobre couro cru, retratando Hamsés Fayek, um dos mais célebres reprodutores árabes, pintado pelo artista gaúcho Berega. Ao vice-governador Otávio Germano foi oferecido um álbum com desenhos de Berega, tendo como tema cavalos árabes. 

 

 

 

 

 

 


 

 

 


Jornal do Comércio, Suplemento Agropecuária (Porto Alegre), 12 de agosto de 1980:
Reportagem

Jornal do Comércio - 12 de agosto de 1980    INSTITUÍDO PRÊMIO PERMANENTE DO NÚCLEO CENTRO SUL DA ABAA
    O "Núcleo Centro-Sul" da Associação Brasileira de Aberdeen Angus acaba de instituir um prêmio permanente para o melhor animal da raça na próxima Expointer/80. O prêmio é um quadro pintado com tintas sintéticas sobre couro bovino pelo famoso artista Berega, e a escolha do animal a ser retratado é fornecido por uma comissão, que já decidiu que somente produtos nacionais serão escolhidos como modelos. A terneira que serviu de modelo é "Blondetta HD de Santa Helena", de criação de Cláudio e Maria Helena Macedo. Na foto, um fac-símile da tela em couro pintada por Berega de "Blondetta". 

 

 

 

 

 




Revista Hippus (São Paulo), nº 14, 1980, pgs. 22-29:
Reportagem

Revista Hippus - outubro de 1980Revista Hippus - outubro de 1980    O CAVALO E O TRANSPORTE


    O cavalo participa das melhores e mais autênticas tradições do povo gaúcho. Desde que buscaram no Prata, ele está presente na luta diária pela sobrevivência e divertindo o homem do campo nos rodeios e nas corridas de cancha reta. Para homenagear este companheiro, a Fertisul e Adubos Ipiranga resolveram editar, em seu calendário deste ano, seis cenas emocionantes criadas pelo artista plástico Luiz Alberto Beheregaray e descritas pelo historiador Raul Pont. Como este é um trabalho que envolve talento e cavalos, Hippus não poderia deixar de publicá-lo.



    Apesar das teses do cavalo autóctone na América do Sul e mesmo do cavalo indígena brasileiro, usado pelos índios guaicurús, a história certa é que ele veio da Europa com os primeiros colonizadores.
    Em 1534 e 1535, Martim Afonso introduziu-os em São Vicente. E Tomé de Souza importou-os para a Bahia. O Rio Grande do Sul, por sua vez, foi buscá-los no Prata. Começou a utilizá-lo como meio de transporte e de tração, nas lidas diárias. E acabou como um elemento profundamente ligado ao gaúcho, ao seu trabalho e ao seu lazer.
    No arar a terra para o plantio. No levar mensagens a todos os cantos desta terra, facilitando a comunicação. Nas primeiras conduções da Campanha do Rio Grande varando as distâncias desertas da Província. No rolar da antiga Pipa D´Água que abastecia as estâncias. No divertir do homem do campo, nos rodeios, nas carreiras de cancha reta e tantos outros esportes. Em toda nossa história, o cavalo se manteve como uma extensão de nós mesmos.




Revista Hippus - outubro de 1980Revista Hippus - outubro de 1980    Gato e Mancha

   Dois cavalos Crioulos
da Estância "El Cardal", de propriedade do renomado prof. E. Solanet da República Argentina, participaram da mais longa cavalgada de que se tem notícia. O raide se iniciou em Buenos Aires, em 1925, com um dos cavalos montados pelo prof. Aimé Tschiffely, cobrindo um percurso de de 21.500 quilômetros, chegando em New York três anos depois, vencendo uma média de oito léguas por dia.
    Superada essa distância em 504 etapas, conquistaram os célebres cavalos Crioulos argentinos um recorde mundial de distâncias e altitudes. Dos pampas argentinos passaram a La Quiaca, La Paz, ao Cuzco, Lima, Trujillo, Quito, Medellin e Cartagena. Subiram a 5.900 metros sobre o nível do mar, no Passo de El Condor, entre Potosi e Chaliapata (Bolívia).
    Foram difíceis e escabrosos os caminhos íngremes da Cordilheira, onde tiveram que suportar 18 graus de temperatura abaixo de zero. Enfrentando os mais variados climas, por entre as geleiras dos Andes, em zonas pantanosas, por serras e desertos de areia, com a mais precária alimentação; evidenciaram duas grandes qualidades do cavalo Crioulo: resistência e rusticidade.
    Beberam água do rio da Prata, depois em Rosário, em Mendoza; recruzaram a cordilheira dos Andes e vão às margens do Lago Tititcaca; descansaram à sombra das gigantescas colunas dos Templos de Tiahuanaco, no Perú, e desceram às pastagens ralas do litoral do Pacífico.
   
Sofreram a inclemência de 50 graus à sombra, de Huarmey até Casma, em um deserto escaldante, de areias soltas e num percurso de mais de trinta léguas, em uma única etapa, sem forragens e sem água. Em 1928, alcançaram New York, depois de haverem superado a América Central, o México e os Estados do Sul e do Norte Americano.
    Os cavalos levaram nos cascos o pó de 20 nações, atravessadas de ponta à ponta, na mais longa e rude trajetória, superior a de qualquer outro conquistador.
    Os célebres equinos, imortalizados pelo singular exemplo, tinham 18 e 19 anos e depois que retornaram às suas querências viveram ainda mais oito ou nove anos.
    Façanha inimitada, empreendida pelo prof.
Tschiffely e seus fabulosos cavalos, que assombrou o mundo com tão rara proeza de equitação.
    Condensando as primitivas origens de sangue árabe e berberisco, o cavalo Crioulo se impôs por suas características raciais. Quatro séculos de vida selvagem, influindo em sua genética, modificaram seu organismo, adaptando-o às exigências do meio e despertando-lhe energias que o fizeram campeão em resistência.
    Os famosos Crioulos, jamais imitados em sua fachada, estão hoje como peças preciosas no Museu de Lujan, em Buenos Aires, reconstituídos por um taxidermista peruano.
Revista Hippus - outubro de 1980Revista Hippus - outubro de 1980
    O Arado
   
    O arado é o símbolo da evolução social, marcando uma etapa da civilização que vem transformar o Rio Grande do Sul, voltado para a agricultura.
    As correntes imigratórias trouxeram precisosa contribuição com as etnias mais diversas que vieram cultivar as terras virgens do Novo Mundo. Em todas essas culturas, esteve presente o arado. Na fase inicial da lavoura, com a catequese jesuíticaforam utilizados no amanho da terra, instrumentos feitos totalmente em madeira, puxados por escravos. Já no período finisecular aparecem as charruas (1).
    Os colonos, pacientemente, transformaram a rebeldia xucra dos touros selvagens, em bois tambeiros (2), afeiçoando-os às fainas das glebas ainda improdutivas.
    Familiarizados ao uso europeu, mulas e cavalos foram sendo adestrados aos trabalhos agrícolas. E aí se evidenciou, positiviamente, a resistência e a força dos cavalos como dóceis puxadores.
    Transcorreu no ano de 1975 a comemoração do Sesquicentenário imigratório, evidenciando o reconhecimento ao seu pioneirismo, iniciado em 1825, com a chegada dos primeiros imigrantes alemães, destinados à primitiva Feitoria Velha.
    Essas levas de desbravadores trouxeram o instrumento agrário, destinado a abrir as terras que os séculos tornaram fecundas e dadivosas. preparando-as a receberem as sementes.
    Meio século mais tarde, em setembro de 1875, colonos italianos acampavam nos Campos dos Bugres (3) e no mesmo ano se iniciam as colonizações de Conde D´Eu e Dona Isabel (4). Esses núcleos coloniais foram os polos irradiadores de uma nova orientação agrária modificando a antiga monocultura, imposta pela abundante riqueza das vacarias selvagens que gauderiavam nas imensas savanas americanas.
    Em regime de pequenas propriedades rurais, praticando uma agricultura de subsistência, uniam-se os esforços de toda a família, na luta às adversas condições dos primeiros tempos. E daí surgiram as vides, o trigo, o milho, os cereais e logo suas necessárias industrializações, fazendo da vitivinicultura um dos principais esteios da economia rio-grandense. Hoje representa ela oitenta por cento da produção vinícola de todo o Brasil.
    Consagrada nos versos de Cassiano Ricardo e eternizada no bronze de um Monumento, plasmou-se a figura de "Ó louro imigrante/que trazes a enxada ao ombro/Sobe comigo a este pícaro/E olha a manhã brasileira/Que nasce, por dentro da serra/Como um punhado de cores jogado na terra! ... e a semente que aqui plantares/Será de ouro/No chão de esmeralda!
    (1) Charruas - Instrumento aratório com jogo dianteiro e uma só aiveca.
    (2) Tambeiros - Boi manso acostumado aos trabalhos da lavoura.
    (3) Campo dos Bugres - Hoje a progressista cidade de Caxias do Sul - Pérola das Colônias.
    (4) Conde D´Eu e Dona Isabel - Esses campos de cultivos iniciais se transformaram nos prósperos municípios de Garibaldi e Bento Gonçalves.


    O Chasque
   
    O Chasque foi o estafeta das longas distâncias.
    O valoroso mensageiro que fazia as primeiras ligações, vencendo léguas e léguas, numa máscula simbiose homem-cavalo, como único meio de comunicações que se contou à época do pioneirismo. Como verdadeiro centauro dos Pampas, aos Chasques foi entregue toda a responsabilidade de antecipar linhas de comunicações entre homens, cidades ou exércitos em marcha, cabendo-lhe ser o mensageiro de ordens, o correio, o próprio, que no afã de cumprir o seu dever arriscava sua vida.
    Deveria ser um gaúcho de muita coragem e experiente vaqueano da região.
    Na formação de nossas fronteiras, até meados do século XIX, no Sudoeste da Província de São Pedro; na guerra ou na paz, foi o homem que mereceu a mais inteira confiança para executar uma ordem, fazendo as ligações entre os comandos militares, de cuja segurança e fidelidade dependia muitas vezes toda a tática de uma guerrilha.
    O tempo se origina do quíchua. Chasqui. É um platinismo. Granada e Arona o gravaram com e. Saubidet o escreveu de ambas as formas, pois significação e grafia eram as mesmas. Em língua quíchua, dos aborígenes, eram pois um sinônimo de mensageiro, estafeta, finalmente correio.
    O qualitativo se encontra gravado desde os idos de 1680, em documentários referentes à Colônia do Sacramento, na correspondência de dom José de Garro enviada ao padre Altamirano, então Superior das Missões Jesuíticas.
    Os Chasques, no Império Inca, andavam à pé, por lhes faltar o cavalo ou o muar, inexistentes na América, antes de Colombo. Eram dispostos em cadeia, ao longo da estrada a percorrer, num revezamento de estafetas, fazendo uma mensagem percorrer centenas de quilômetros em um dia. "Graças aos Chasques, havia peixe fresco do Pacífico, nas mesas de Cusco, cerca de 24 horas depois de ser pescado nas águas do grande oceano, afastado por mais de 600km da Capital."
    Na Revolução dos Farrapos (1835/45), na Guerra do Paraguai (1865/70), nas guerrilhas entre Pica-paus e Federalistas (1893) e nas lutas entre Chimangos e Maragatos (1923), o chasque desempenhou missões importantíssimas. Essa colaboração foi de tal forma indispensável, que marcou uma época histórica e plasmou uma figura de legenda. Não ficaram só no anonimato, seus nomes glorificaram nossa História e são relembrados como singular veículo de comunicações, nas épocas em que não se dispunham de instrumentos especializados, como em nossos dias.
   
    A Diligência

    Foi o primeiro coche, rústico, primeiras conduções da Campanha do Rio Grande. Varava as distâncias desertas da Província, conduzindo os viajantes destemidos, que a isso se aventuravam em épocas distantes.
    Atrelados a duas, três parelhas de cavalos fogosos, coube-lhes abrir os primeiros caminhos de antanho. As primeiras diligências foram conduzidas pelo gaúcho que montava um dos cavalos puxadores. Logo surgiram outras trazendo boléias, onde ocondutor - que era o boleeiro ou o maioral - vinha abrigado sob um toldo. Pra vencer os caminhos, vadear arroios, livrar-se dos peludos ou nos Passos quase intransponíveis, as Diligências valiam-se de um outro cavaleiro. Era identificado pelo nome de "Quarta", pois quarteava a carruagem, presa por um sovéu ou laço trançado que ligava o cabeçalho dianteiro ao cinchador da montaria. O cavalo cinchador era um animal já afeito às práticas do quarteador. Deveria ser bom puxador.
    Foi a carreta o veículo primitivo, pesado, de tração a bois . Logo veiram as carretilhas. Evoluíram para Diligências. E estas anteciparam aos coches, carros americanos e Vitórias.
    Marcavam sua itinerância, conduzidas pelo maioral, que era vaqueano e sabia orientar-se em viagens de três ou quatro dias, em meio ao deserto pampeano.
    A tração não era somente feita por cavalos, pois as mulas deram grande contribuição às Diigências. A fim de suportar as grandes marchas, haviam lugares certos para muda dos cavalos, de distância em distância. O mudador se fazia em lugares previstos, determinados pela resistência dos equinos. Dava-se preferência a um Posto, um Bolicho ou mesmo certas Estâncias, localizadas no trajeto, onde também se faziam os pousos. Os platinos deram a estes lugares o nome de Postas, cujo regionalismo não foi tão usado na Província de São Pedro. Nos locais das mudas, as Diligências já eram esperadas por peões, com novos cavalos puxadores, recém-pegados, que substituíam aos animais que chegavam cansados.
    Sem estradas transitáveis, a Diligência se atirava ao azar das aventuras, conduzida pela coragem do maioral e a força dos cavalos Crioulos. Os maiorais deveriam conhecer muito bem os arroios que davam vau ou onde onde se poderia varar a bolapé. (3)
    Essas primeiras viaturas se celebrizavam como veículos coletivos, varando as imensas distâncias, entre coxilhas e canhadas, já denunciado um elo prenunciador de progresso. O imperador Dom Pedro II, para chegar à Vila de Uruguaiana, então conquistada pelos paraguaios, a fim de comandar a Retomada, forçou uma viagem de 16 dias, desde Cachoeira até as margens do Rio Uruguai.
    A verve romanesca do gaúcho batizava as Diligências com variados e expressivos nomes "A volanta", "A fronteirista", "A Vaquiana", "A Volantina", etc.
    Os modernos veículos automotores conservam uma reminiscência dos velhos costumes, reproduzindo dísticos e nomes de batismo.

    A Pipa D´Água

    Muito embora naturais riquezas hidrográficas irriguem os campos da zona fisiográfica da Camapnha, grandes extensões se ressentem de recursos potáveis.
    São as coxilhas, obviamente, os locais de preferência para as habitações do gaúcho. Daí se obtém melhor visão do descampado que se estende até o horizonte.
    Dessas posições se dominam os movimentos dos rebanhos e a aproximação de viajantes, tal como, em épocas de guerra, podia divisar-se ao longe as manobras dos contigentes armados. É pois estratégico o arranchamento nas coxilhas e nos chapadões. Mas se há nisso uma vantagem de extensa e panorâmica visão, sofre, de outro lado, a carência de água próxima. Lá embaixo, o manancial, o olho d´água alimentam arroios em formação, que buscam os declives naturais. Aí é que se vêm constantemente, em busca do vital elemento. Entra em função a "Pipa D´Água".
    A Pipa é um barril, formado por aduelas de madeira (poucas vezes de metal), habilmente colocado sobre uma armação presa ao eixo de ferro onde giram duas rodas, que o transportam. É um tradição imposta pela necessidade, que obriga a velha "Pipa" a suprir de água a Estância, os arranchamentos e os galpões. São figuras familiares da Campanha, os elementos que compõe o quadro: O Petiço, o piá (1), a Pipa e a Cacimba (2). Os cuscos (3) são os inseparáveis companheiros do guri, que lhe fazem, pela companhia, menos ásperas essas funções cotidianas. Longe dos olhos do patrão, furtivamente, exercita pontarias aos gurriões (4) com seu bodoque...
    Quando o moinho de vento, a eletrificação e as instalações modernizam a Estância, a velha e veterana Pipa é encostada a um canto, como um traste inservível.
    Inspirando-se na utilização do andejo e tradicional veículo, o magistral poeta regionalista Telmo de Lima Freitas, concorreu à Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul (5) onde foi laureado, pela belíssima canção sob o mesmo título, que encerra com os seguintes versos:
    "... O piá que batia garrão no Petiço dizendo verdades sem mesmo saber, unindo na Pipa gastou muitas horas sem contar o tempo ficando em haver...
    ... E hoje perdida do rumo das casas Sem sombra, sem teto, deixada ao rigor na beira da sanga, olhando as estrelas, talvez se desfolhe tal qual uma flor..."
    (1) PIÁ - Guri, peãozinho de estância, em serviços caseiros - Romanguera Corrêa.
    (2) CACIMBA - "Olho d´água", fonte.
    (3) CUSCOS - s.m. Cão de raça pequena, fraldeiro, o mesmo que guaipé ou guaipeca.
    (4) GURRIÕES - O mesmo que Pardal, pequeno pássaro da família dos Conirrostros.
    (5) CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA DO RS - É uma competição regionalista, de músicas e canções gaúchas, que se realiza em Uruguaiana.

   
Os Bondes Puxados a Cavalo

    Entre as muitas coisas que copiamos aos outros povos, uma delas foram os bondes de tração animal, que constituíam novidade universal, no fim do século passado.
    Obviamente, tivemos de criar o neologismo adequado: "O Carril".
    Era o carril, uma barra de ferro forjado ou de aço, sobre a qual deslizavam as rodas de um veículo, assim de obtendo leveza de tração.
    As experiências da siderurgia incipiente determinaram os perfis mais adequados ao emprego de dois carris paralelos, que dessem melhor circulação aos veículos pesados, que sobre eles deveriam rodar.Os carris de ferro, primeiro forjados, depois fundidos, consumiam-se desigualmente, dado as moléculas heterogêneas de que se formavam, com vulnerações inevitáveis e danosas. Evoluiu-se, então, para as paralelas de aço, com novos perfis técnicos, permitindo melhor estabilidade ao veículo que ainda não era motorizado.
    Os transportes coletivos, que então se estabeleciam para serviço de carris urbanos, despertaram no vulgo a idéia do instituto de crédito que se formavam, que no direito inglês se denominava Bond, representado por um documento selado que outra coisa não era do que ações a que se obrigavam os incorporadores.
    Daí que as companhias de bonds ou de bondes e Carris, de identificaram pelo novo qualificativo, ainda inexistente em nossa língua. Por analogia, mais tarde se estenderam esses substantivos para designar os carros elétricos ou bondes.
    O primeiro bonde que ocorreu sobre trilhos, puxado por cavalos, foi o ano de 1842, instalado em New York. Era um primitivo modelo com dois pisos. Os passageiros viajavam na parte superior e no piso inferior, conduziam vários cavalos ou mulas para mudar.
    Em Porto Alegre, o governador dr. Júlio Prates de Castilhos, o intendente José Montaury de Aguiar Leitão e outros políticos inauguraram uma linha de bondes puxados a cavalos, em um arrabalde da Capital, no ano de 1891. No frontespício da Companhia de Carris, que era a estação dos bondes, aparece a data de 1873.
    Outros veículos de tração animal já teriam surgido e traferam no centro da capital gaúcha, pois em 1915 havia uma linha Circular de Bonde Elétrico que, passando pela rua da Praia, subia a praça Alfândega.

Revista Hippus - outubro de 1980
    Quem são esses gaúchos?

    LUIZ ALBERTO PONT BEHEREGARAY (Berega):
    Natural de Uruguaiana, RS, reside em Porto Alegre desde 1958; Autodidata, sempre teve como temática a vida rural de nosso Estado, pintando particularmente o cavalo; Executa suas obras numa técnica própria e absolutamente inédita, usando tintas industriais sobre couro; Tem retratado cavalos nacionais e importados de diversas raças para criadores brasileiros e do Exterior; Retratos de cavalos de sua autoria encontram-se em coleções particulares no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, EUA e Inglaterra; Autor do Prêmio Especial ao Melhor Animal da Exposição de Rústicos A. Angus, conferido anualmente; Autor de "Garanhões Árabes - Estudo de Cabeças"; Autor de ilustrações e textos.


   
RAUL PONT:
    Natural de Uruguaiana, RS, onde reside: brasileiro, casado; Historiador, escritor e pesquisador; Professor de História, por vários anos, em diversos currículos; Sócio correspondente da Academia Rio-grandense de Letras; Sócio correspondente do Círculo de Pesquisa Literária do RS (Cipel - Porto Alegre); Presidente do IHG de Uruguaiana; Membro ativo de Academias Literárias Fronteiristas, de Uruguaiana; Autor de "Franceses na Fronteira Oeste do RS", publicado sob os auspícios do Consulado Geral da França, em edição comemorativa ao Biênio da Colonização; Medalha de Ouro outorgada pelo Governo Municipal de Uruguaiana, conforme Artigo 2º da Lei 818/65 - Grande Condecoração em relevantes serviços prestados no campo da História; Autor de "Homens ilustres de Uruguaiana", com mais de cem biografias, publicadas pelo Jornal Ilustrado de Uruguaiana, em 1978/1979; Membro correspondente do Colégio Heráldico de Buenos Aires - 28/06/68; Delegado do Instituto Histórico da Loja Simbólica da Província de São Pedro, RS; Membro do Conselho Municipal de Cultura de Uruguaiana, RS. 




J
ornal do Comércio
, Suplemento Agropecuária (Porto Alegre), 02 de dezembro de 1980:
Reportagem - chamada de capa e pg. 6

Jornal do Comércio - 02 de dezembro de 1980Jornal do Comércio - 02 de dezembro de 1980    ARTE DE BEREGA NO 2º ÁLBUM SOBRE CAVALOS

    Berega veio trazer seu 2º álbum com 4 lâminas, sobre cavalos, onde usou a técnica do grafite, antes de lançá-lo no fim de semana que passou em São Paulo, e mostrou a equipe do Suplemento.

    O artista gaúcho Berega, cuja fama já ultrapassou nossas fronteiras, lanlou sábado último em S. Paulo, por ocasião do IX Leilão do Cavalo Árabe, realizado no Parque da Água Branca o seu 2º Álbum, onde apresenta técnica de grafite com motivos de cavalos. Berega lançou já dois anos atrás seu primeiro álbum intitulado Garanhões Árabes - Estudos de Cabeças, que foi um grande sucesso e teve sua edição esgotada. Proprietário do Estúdio El Basco, na rua Santo Inácio, 188 ap. 11 - fone 22.2776, Berega apresenta agora neste seu álbum uma série de quatro lâminas, cujas medidas originais são de 31 x 46,5cm e com tiragem especial e numerada de 300 exemplares. Como não poderia deixar de ser o lançamento foi um sucesso completo e o artista gaúcho, natural de Uruguaiana, que também faz trabalhos em couro a fogo e grafite, sob encomenda, reservou alguns exemplares para seus clientes aqui no Rio Grande do Sul. Ele esteve em nossa redação para fazer entrega de um destes álbuns da 2a. edição, que não deixa dúvidas quanto a excelência de seu trabalho e o situa entre os melhores artistas do mundo nesta arte.

    - foto de uma das lâminas que integra o 2º álbum de Berega. Numa de nossas capas do caderno aparece outra das lâminas do artista gaúcho.














Jornal do Comércio, (Porto Alegre), 16 de dezembro de 1980:
Reportagem - pg. 6

Jornal do Comércio - 16 de dezembro de 1980    "Cavalos de Berega"

    Aproveitando a grande festa arabista, foi lançado em São Paulo o maravilhoso álbum com gravuras de cavalo (de nº 2) elaborados pelo conhecido artista gaúcho Berega que vem se impondo nacionalmente na difícil arte de pintar cavalos. Aqui no sul este trabalho é distribuído pela Livraria Editora Agropecuária Ltda. F: (0512) 21.9728.

 

 

 

Jornal Fert Informa (Porto Alegre), Ano IV, nº36, janeiro 1981:
Entrevista - capa e pg. 8

Jornal Fert Informa - janeiro de 1981Jornal Fert Informa - janeiro de 1981    Pelagens e Tropilhas
    Sobre este tema, Pelagens e Tropilhas, gira o calendário da FERTISUL de 1981.Sempre procurando contar as coisas da terra riograndense, seus usos e costumes e, principalmente, retratando a origem histórica do Rio Grande do Sul, a FERTISUL contribui para manter vivo o elo existente entre passado e futuro , mostrando as ligações e o inter-relacionamento do tempo através da recordação, da saudade, da informação e do deleite. Para isto, contou com a colaboração do artista plástico Luiz Alberto Beheregaray (o Berega) e de Raul Pont, historiador e pequisador, como autor dos textos.

    A Vivência Campeira nos Desenhos de Berega
    Luiz Alberto Pont Beheregaray é o autor das ilustrações dos dois últimos calendários da FERTISUL, 1980 e 1981. Neles, a vida do campo explode em cada traço e traz à tona a história da terra gaúcha naquilo que ela teve de mais marcante e significativo. Desenhando desde pequeno, Berega agora assumiu a sua arte de forma integral. Aqui, ele conta aspectos de sua vida e de sua obra.
    - Eu fui um piá de estância -
    Quando comecei a desenhar e pintar, isso começou muito cedo, enm casa, iniciei tratando aquilo que vivenciava diariamente: cachorro, o cavalo, a carreta, o pião. Porque eu fui um piá de estância e a gente não pode fugir do seu meio. E até agora morando numa cidade grande, eu carrego estas coisas que marcam muito a gente, pois fui cirado com tudo aquilo que hoje, infelizmente, pouca criança pode ter: a vivência largada no campo, dos seus mistérios e da realidade que a vida campeira ensina. A gente, então, não se liberta dessas coisa, e onde for, creio que isso irá comigo, como foi com meu pai e com meu avô.
    Nessa minha atividade contei com o apio da minha família, pois o desenho sempre foi muito bem aceito no meu meio familiar, tendo todos os seus membros pendores para as artes. Meu pai não desenhava bem, mas possuia incrível habilidade para fsaazer coisas. As minhas irmãs também.

    Mas o desenho e a pintura nunca me passaram pela cabeça de uma forma profissional, haja vista que durante muito tempo exerci outras atividades. Fui bancário, tive escritório de representações e cheguei a iniciar uma atividade pioneira no Estado - que foi a importação de coelhos angorás.
    - Reativei aquelas lembranças da infância que nunca havia esquecido -
    Foi somente há pouco tempo atrás que dei o grande passo da minha vida, ou seja, abandonar tudo e ingressar na vida artística. Ressalva seja feita que eu não possuo formação acadêmica, nem convivi no meio artístico. Sou um autodidata.
    Desse modo, reativei aquelas coisas da infância, que na verdade nunca haviam se apagado em mim e que as atividades do dia a dia tiravam pouco espaço para que me dedicasse a elas. Voltando a retratar a vida rural, o fiz de uma maneira tão natural como se isso sempre tivesse sido a atividade principal de minha vida. Tudo estava muito vivo em minha memória.
    E esta volta recebeu o incentivo de amigos, que direcionaram, praticamente, minha pintura para o tema cavalos. Isso porque o Brasil estava, neste tempo, redescobrindo o cavalo. Não de uma forma funcional, mas como um meio de negócio: o cavalo árabe estava chegando (há quatro ou cinco anos atrás). Através das feiras e exposições de animais, era intensa a comercialização desses animais e, aliado a isso, a crise do petróleo trazia de volta o tema cavalos.
    Assim, por pedido de amigos e criadores de cavalos, passei a canalizar meus desenhos para esta temática, retratando alguns dos mais belos animais brasileiros e do exterior. A partir de então, me dediquei ao estudo do cavalo, fazendo pesquisas em obras que tratavam do assunto. A não ser alguma obra de cunho didático, quase sempre em inglês, sobre o cavalo crioulo, praticamente nada editado em português. No que se refere a anatomia do animal, então a carência é ainda maior.
    Foi através de bibliografia importada que consegui formar um razoável acervo sobre o tema, sobretudo com as obras do inglês George Stubbs, que em 1700 escreveu a Anatomia do Cavalo, a melhor obra até hoje escrita sobre a anatomia animal. Comecei a observar também os grandes mestres na arte de pintar cavalos, que iniciou com Stubbs, Degas, George Nannigs, Rosa Bonnet, e mais recentemente opolonês Koblischek e o americano Le Roy Newmann.
    - O calendário para mim foi um sonho -
    Meu primeiro trabalho para as empresas Petróleo Ipiranga foi para ilustrar o calendário da DPPI - Distribuidora de Petróleo Ipiranga. Dentro de uma temática caricata, aproveitando personagens da minha infância e sofrendo enorme influência do pintor espanhol (argentino) Molina Campos, que durante mais de 20 anos ilustrou os famosos calendários da Alpargatas, realizei um grande sonho, há muito esperado, de popularizar minha arte através de um veículo que chegasse aos mais distantes lugares. Foi o que aconteceu, tendo o calendário alcançado a surpreendente tiragem de 100 mil exemplares, quando o normal era 30 a 40 mil e me tornado praticamente conhecido em todos os lugares. Feito o primeiro, em seguida partimos para o segundo, superando as expectativas.
    Veio após, o convite para ilustrar o da FERTISUL. A temática então já seria outra. A FERTISUL já possuia uma tradição de calendários ilustrados por pessoas de renome, tais como João Batista Mottini, Joaquim Fonseca e Fernando Jorge Uberti. O trabalho, desse modo, deveria seguir uma linha previamente traçada, com uma temática mais "comportada", focando-se no sentido didático e informativo, dentro da filosofia da empresa. O tema escolhido, "O Cavalo e o Transporte" e neste ano "Pelagens e Tropilhas" atingiu este objetivo. Com textos de Raul Pont, escritor e historiador e talvez um dos homens que mais conhece a história do Rio Grande do Sul, tivemos a preocupação de esgotar o assunto pelo aspecto didático e informativo. E creio que isto foi alcançado, pois me chagem notícias de pessoas que através dos calendários dão verdadeiras aulas de história do nosso Estado. Isto é uma coisa que gratifica muito. Sem falar que reportagens em publicações nacionais e internacionais se referindo aos calendários.

 

Jornal do Comércio, (Porto Alegre), 10 de fevereiro de 1981:
Reportagem - pg. 10

Jornal do Comércio - 10 de fevereiro de 1981    A FERTISUL, desde 1976 vem reproduzindo, em seus calendários, temas gaúchos, como Lendas, Trajes, Usos e Costumes, Lidas do Campo, o Cavalo e o Transporte. Para o calendário de 1981, adotou como tema, As Tropilhas, contando histórias e acontecimentos do Rio Grande do Sul. Os povos pastores que habitavam o Pampa, desde as Províncias do Prata até a primitiva Província de São Pedro, se caracterizavam pelo uso do cavalo. O domador, tipo expressivo do pago, que transformava o cavalo selvagem em dócil companheiro, amplia toda sua arte, quando na formação das tropilhas, tendo a paciência de agrupar equinos pela uniformidade da pelagem. O calendário 81 da Fertisul apresenta ilustrações de tropilhas de pelagens diferentes, do artista Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) e textos do historiador Raul Pont.

















Jornal Folha da Tarde, (Porto Alegre), 10 de fevereiro de 1981:
Reportagem - pg. 2

Jornal Folha da Tarde - 10 de fevereiro de 1981    ...
    MPM Propaganda enviando calendário editado pela Fertisul, que desde 1976 vem reproduzindo nos mesmos temas gaúchos, como lendas, trajes, usos e costumes, lidas de campo, o cavalo, etc.. adotando para este ano As Tropilhas, contando histórias e acontecimentos do Rio Grande do Sul;
    ...










 

Jornal Folha da Tarde, (Porto Alegre), 12 de fevereiro de 1981:
Reportagem - pg. 2

Jornal Folha da Tarde - 12 de fevereiro de 1981    Calendário à gaúcha

    A "Fertisul", desde 1976 vem reproduzindo, em seus calendários, temas gaúchos, como Lendas, Trajes, Usos e Costumes, Lidas do Campo, o Cavalo e o Transporte. Para o calendário de 1981, adotou como tema, As Tropilhas, contando histórias e acontecimentos do Rio Grande do Sul. Os povos pastores que habitavam o Pampa, desde as Províncias do Prata até a primitiva Província de São Pedro, se caracterizavam pelo uso do cavalo. O domador, tipo expressivo do pago, que transformava o cavalo selvagem em dócil companheiro, amplia toda sua arte, quando na formação das tropilhas, tendo a paciência de agrupar equinos pela uniformidade da pelagem. O calendário 81 da Fertisul apresenta ilustrações de tropilhas de pelagens diferentes, do artista Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) e textos do historiador Raul Pont.







 

 

Jornal do Coméricio, (Porto Alegre), 12 de fevereiro de 1981:
Reportagem - Coluna Junot V. Duarte

Jornal do Comércio - 12 de fevereiro de 1981    A FERTISUL, desde 1976 vem reproduzindo, em seus calendários, temas gaúchos, como Lendas, Trajes, Usos e Costumes, Lidas do Campo, o Cavalo e o Transporte. Para o calendário de 1981, adotou como tema, As Tropilhas, contando histórias e acontecimentos do Rio Grande do Sul. Os povos pastores que habitavam o Pampa, desde as Províncias do Prata até a primitiva Província de São Pedro, se caracterizavam pelo uso do cavalo. O domador, tipo expressivo do pago, que transformava o cavalo selvagem em dócil companheiro, amplia toda sua arte, quando na formação das tropilhas, tendo a paciência de agrupar equinos pela uniformidade da pelagem. O calendário 81 da Fertisul apresenta ilustrações de tropilhas de pelagens diferentes, do artista Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) e textos do historiador Raul Pont.



























Jornal do Coméricio, (Porto Alegre), 12 de fevereiro de 1981:
Reportagem - Coluna Junot V. Duarte

Jornal Zero Hora - 13 de fevereiro de 1981    Fertisul

    FERTISUL, desde 1976 vem reproduzindo, em seus calendários, temas gaúchos, como Lendas, Trajes, Usos e Costumes e outros. Neste ano o assunto escolhido foram as "Tropilhas", contando histórias e acontecimentos da terra gaúcha. As ilustrações são do artista Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega) e textos do historiador Raul Pont.






Jornal Correio do Povo
, Suplemento Rural (Porto Alegre), nº 1189, 05 de junho de 1981:
Reportagem
Jornal Correio do Povo - 05 de junho de 1981
    A Quadrilha na Região da Serra

    - OS TORDILHOS DA ESTÂNCIA DO CATI - No município de Livramento, nos primeiros tempos da República, o cel. João Francisco Pereira de Souza teve a Estância do Cati, que também era Quartel da Brigada de Cavalaria, criada por Júlio de Castilhos, para guarnecer a fronteira. Comandada pelo cel. João Francisco a força contava com 300 tordilhos, uma tropilha que deixou nome.

    Em seu aprazível volume "Fundação e Evolução das Estâncias Serranas", escreveu o campeiro Aristides de Morais Gomes: - "Vinham também as quadrilhas de luxo, de vários pêlos. Ali estavam os cavalos crioulos de marcha troteada para o patrão e para os amigos. Os de marcha batida para as patroas. Os de marcha galopada para as prendas; e os ágeis e fogosos para os moços".
    "Era motivo de orgulho para o estancieiro, quando podia franquear a melhor tropilha ou quadrilha de luxo para um amigo escolher um excelente cavalo, mesmo que fosse o de sua preferência e estima".
    E quanto à existência de tropilhas na região serrana, o criador bageense, engº agrº João Paes Vieira recorda que em sua mocidade conheceu tropilhas de tobianos negros. E também uma de oveiros chitas, esta em Júlio de Castilhos, na estância de Neco Correa de Barros.
   
    - ALVORADA TEM SEUS MOUROS AMADRINHADOS - A tropilha forma para o fotógrafo deste Suplemento. Na ponta, a bragada malacara, a madrinha com seu cincerro típico que mantém entabulados os mouros da Estância Alvorada, do campeiro José Câmara Fagundes, situada em Uruguaiana. O proprietário, amigo da antiga fazenda rio-grandense, cultiva zeloso as boas tradições gaúchas que merecem sobreviver.

 
   Tropilhas e Quadrilhas Nas Antigas Estâncias Gaúchas
   
    Em tempos idos as grandes estâncias tinham, além dos costumeiros cavalos de serviço, uma tropilha de estimação, mantida em invernada separada.
    A tropilha era formada por cavalos mansos, admitindo-se também baguais em plena fase de doma, ainda de rédea. Todos eram do mesmo pêlo. As pelagens mais em voga eram tordilho, gateado e mouro. O número de animais numa tropilha variava muito indo de 20 a 50 cavalos.
    Naqueles tempos só se encilhava cavalo, pois montar numa égua era vexame para o gaúcho. As tropilhas, por esse motivo, não se formavam com éguas.
    A tropilha era sempre apresentada bem tosada a cogotilho, sem franja e sem topete. Deixavam bastante pega-mão e cola a tocar nos machinhos. A cola sempre atada quando em serviço.
    Era bem ensinada de forma. Isto é, ao estender um laço na mangueira ou no campo, para se fazer a muda do cavalo, a tropilha enfileirava de frente para o laço estirado, tocando-o com os encontros. Aos gritos de "forma ca´alo" ou de "frente ca´alo", os animais todos ficavam firmes, deixando-se embuçalar facilmente.
    Era usual que a tropilha fosse amadrinhada, reunida na invernada em torno de uma égua denominada "égua madrinha", égua que ninguém ensilhava e que era chucra geralmente. A égua que podia ser qualquer pêlo, trazia no pescoço um cincerro preso por uma tira de couro crú bem sovado.
    A égua madrinha, como diziam os gaúchos, era do andar dos passarinhos. Não era domada do andar, mas era manuseada de baixo e costeada de laço, a fim de se manter calama quando na forma.
    Parece que o retinir constante da campainha acostumava os cavalos a conservarem-se junto, atraídos pelo pequeno sino.
    Havia estância que chegava a ter duas tropilhas, naturalmente de pelagem diferente.
    No geral o patrão não permitia que sua tropilha fose utilizada em tropeadas, pois não era do seu agrado que tais cavalos saíssem dos campos de sua propriedade. Também não permitia que fossem montados por estranhos. Somente por peães da estância ou por pessoas conhecidas e campeiras.
    Uma semana antes de ser metida no serviço traziam a tropilha para a mangueira para aparar os cascos e retocar o toso. Os animais eram então adelgaçados com nados no açude.
    Era motivo de orgulho para o fazendeiro exibir sua tropilha aos vizinhos, formada só por cavalos bem domados, de boa rédea, sãos de lombo e em bom estado.
    Montados por gaúchos experimentados nas lides do campo que raramente rabonassem uma rês ao ser aparado rodeio para o sinuelo; ou que errassem um tiro de laço campo afora.
    Uma estância grande chegava ter 50 cavalos mansos de uma só pelagem. E isso ainda no presente século. Como exemplo podemos que aí por 1920 a Estância Santa Regina, no Rosário, de propriedade da sra. Paulina Salles de Carvalho tinha mais de 200 cavalos mansos. E a manada com éguas de cria e potrilhos passavam de 500 cabeças. Era uma estância de pouco mais de uma légua de sesmaria. Tinha tropilhas de tordilhos, baios e lobunos.
    Outro exemplo de tropilha ainda nos tempos em que correm: o "Correio do Povo" aí por 1930 publicou uma foto de uma tropilha de Raphael B. Gonçalves e Filhos; eram 23 cavalos todos tordilhos.
   
   
A QUADRILHA

    Em épocas passadas dava-se este nome a um lote de seis a 12 animais, cavalos ou éguas, mansos e de qualquer pêlo. No geral a quadrilha pertencia a um gaúcho pobre, bem campeiro e muito vaqueano. Gaudério, vivia de pago em pago, a procura de serviço de campo. Chegando a uma estância grande, justava-se somente para o serviço a cavalo e com toda a sua equipagem, constituída dos arreios, ponche, laço e demais apetrechos campeiros. Da estância só recebia a manutenção.
    A quadrilha como diz o nome era formada por animais enquadrilhados, sempre juntos, mesmo quando em campo aberto. O gaúcho não se locomovia a não ser com sua quadrilha por diante, sempre unida. Passando por campos alheios ou ao ser solta numa invernada, dificilmente um animal se dispersava dos outros, embora a quadrilha não tivesse égua madrinha, como acontecia com a tropilha.
    Os animais da quadrilha eram bem tosados a cogotilho. Geralmente com uma franja no alto da testa. Muitas vezes tinha uma mecha ou negalho de crina caindo em meio da tábua do pescoço. A cola vinha aparada um palmo abaixo do garrão: sempre atada quando em serviço ou a passeio.
    Eram animais mimados: não eram de empréstimo nem de venda. Sempre de lombo liso e sem qualquer marca de basteira. Delgados e gordos, só peito e anca, estavam prontos para enfrentar qualquer serviço ou viagem, a qualquer distância ou rumo.
    A quadrilha era orgulho do gaúcho, o seu dono, sendo também todo o seu capital e meio de ganhar a vida.

Texto de Raul Annes Gonçalves 

Jornal Correio do Povo - 05 de junho de 1981Jornal Correio do Povo - 05 de junho de 1981

 

 

 

 

 



 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Correio do Povo - 05 de junho de 1981Jornal Correio do Povo - 05 de junho de 1981    - PRESENTE DE CASAMENTO - Ao casar, em Rio Pardo, Francisca Bernardina de Magalhães recebeu de seu padrinho, criador em São Sepé, uma tropilha de potrancas zainas. O desenho por BEREGA que ilustrou o Calendário dos Adubos Ipiranga, retrata a viagem por terra, de Rio Pardo a Uruguaiana, que Bernardina e seu esposo, Joaquim dos Santos Prado Lima, fizeram ao fundar a Estância dos Prados na Lagoa da Música.

    A ÉGUA MADRINHA

    O que diz o gaúcho argentino da "égua madrinha"? - Em 1902, Carlos Lemée publicava na cidade de La Plata a terceira edição de seu "El Estanciero". Eram 3 volumes como hoje não mais se escrevem. Lembra o trabalho que teve Eduardo Cotrim, o paulista que em 1913 deu aos criadores brasileiros a monumental "Fazenda Moderna". Os que tiveram ensejo de conhecer a tarefa de Cotrim, com detalhes práticos sobre a vida no campo, poderão fazer idéia do manual que Lemée escreveu para seus patrícios. Repleto de conselhos e idéias práticas, hoje valem como um retrato escrito de como era a estância argentina em fins do século passado. Como estamos hoje falando sobre "quadrilhas" e "tropilhas", motivado pelo excelente calendário que a Ipiranga imprimiu, reproduzindo as artísticas estampas do uruguaianense Luiz Alberto Pont Beheregaray que pintou, em couro, algumas tropilhas antigas, vamos dar a nossos leitores o que o argentino Lemée, profundo conhecedor da vida gaúcha, dizia em 1900da "égua madrinha".
    Tratando em seu volume segundo, da formação e manejo da tropilha, assim escreve o autor sobre a "madrinha":
    "Põe-se um cincerro na égua que se destina para "madrinha" da tropilha. Deve-se com antecipação amansar de baixo a égua escolhida para ser "madrinha". Deve ser manuseada estando maneada mas sem atá-la no palanque para que "no afloje el pescuezo". Depois do galope da tarde (o autor está tratando da doma de potros para formar a tropilha) os redomões e a égua madrinha ficam em um potreiro ou em uma "quinta" onde não haja outra égua. E assim os redomões vão se amadrinhando."
    Lemée previne que pode acontecer que algum redomão se aparte da tropilha em formação. Caso isso aconteça ele aconselha, como remédio, que o animal seja acolheado à égua madrinha, mas somente por poucas horas durante o dia.

    Ainda da Argentina,  e registrando que o costume ter a égua madrinha com cria ao pé mantendo unida a tropilha, temos os seguintes versos. São de Dario H. Anagassi:
    "Tengo tropilla entablada;
    La madrina és colorada
    Y tiene un potrillo ruano."

    Fonte: Anais da Associação Argentina de Criadores de Cavalos Crioulos, número de setembro de 1930.

    E ainda falando em égua madrinha, deve-se dizer que era usualmente escolhida de pêlo diferente, para fazer contraste com a pelagem da tropilha. Assim, numa tropilha de tordilhos, ficava no jeito ter uma madrinha de pêlo negro, tapado.

    - TROPILHAS DE MULAS ZAINAS NEGRAS - Mariano Pimentel, de Santo Antônio da Patrulha, criador e comerciante de mulas, que em épocas passadas foi negócio florescente entre a Serra e a Fronteira, tinha organizado várias tropilhas de mulas, uma delas de êlo zaino negro, acima reproduzido.

    A Tropilha Não Morreu

    O amor pelas tropilhas não acabou. Muito embora sejam cada vez menos as grandes estâncias, onde era possível ter 20 ou mais cavalos mansos de um só pêlo, ainda há criadores que se empenham em manter uma tropilha. Há exemplos de pequena fazenda onde o criador conseguiu formar sua tropilha. É claro que não foi de animais todos de uma só marca, pois foi obtendo um aqui outro acolá. E não faltou amigo que lhe fizesse presente de um cavalo de pêlo escolhido para ajudar a formar a tropilha.
    Vários municípios da campanha ainda tem tropilhas. De cavalos ou de éguas. E até de mulas. E os pelos vairam, apoiando-se na lembrança do passado.
    Praticamente todos os pelos são usados embora sejam mais frequentes os gateados, zainos, tordilhos e mouros.
    E também oveiros como o do agrônomo Francisco Boffil que conseguiu formar dessa antiga pelagem, para uso em sua fazenda, no município de Uruguaiana.
    Neste município da fronteira oeste são muitas as tropilhas. Não há registro das estâncias que primam por manter uma tropilha, fiéis à tradição de seus maiores. E entre os vários criadores uruguaianenses que conservam tropilha em seus campos, podemos citar José Câmara Fagundes, com uma de mouros em sua Estância Alvorada. O engº Francisco Martins Bastos escolheu o pêlo tordilho, para formar a tropilha que tem na Estância Itapitocai.
    Na Cabanha Santo Ângelo, do engº agrº Ângelo M. Bastos Filho há duas, uma de vermelhos e outra de gateados. A de gateados formada por cavalos e éguas.
    A sucessão Renê Ormazabal tem a sua de gateados; e também uma de mulas zainas, que tem comparecido aos concursos de tropilhas que há vários anos vem se realizando em Uruguaiana, promovidos pelos amigos das tradições campeiras.
    Outros criadores com tropilhas são o veterinário Flávio Tellechea, com duas, uma de lobunos e outra de mouros, na Cabanha Paineiras.
    Estância Nazareth, do dr. Luis Martins Bastos, também tem duas: de gateados e de oveiros.
    De zainos é a tropilha de Colmar Duarte. Estes criadores ao lado de outros mais, vêm conservando a tradição. Vem continuando a prática de seus antepassados como Francisco Carvalho, que na antiga Estância Charrua tinha diversas tropilhas de pelos vermelho, tordilho e gateado. E outro criador de geração passada, Ângelo Martins Bastos, em suas fazendas tinha tropilhas de tordilho, gateado, vermelho e alazão.
    Bagé é outro município a manter vivo o amor pelas tropilhas. Os criadores Belisário Sarmento e dr. Roberto Suñe figuram entre os bageenses atuais que possuem tropilhas no serviço da fazenda.
    Ainda em São Gabriel, a Estância do Bolso, dos irmãos Geraldo e Carlos Estranzulas Pereira de Souza, tem atualmente suas tropilhas e uma quadrilha. Ao todo são 80 animais de serviço, cavalos e éguas, todos da raça crioula. Estão distribuídos separados em quatro tropilhas, regulando 18 animais cada uma. São de pêlo zaino, rosilho, douradilho e tordilho. E mais uma quadrilha, naturalmente, de vários pêlos. São animais de formar em qualquer lugar, sem precisar de laço estendido.

    - ÍNDIOS TAMBÉM TINHAM TROPILHAS - Escreve o prof. Raul Pont, biógrafo e historiador uruguaianense, autor do texto das 6 estampas do Calendário FERTISUL - ADUBOS IPIRANGA, que o cacique Cloyan formara uma tropilha de oveiros, tanto vermelhos como negros. Vistosos e corredores.

    Minha Tropilha de Baios

    Criador desde 1927 e sempre em sua Estância dos Vales, no município de São Gabriel, fazenda de herança paterna, o engº agrº Jomar Valle mantem-se fiel ao Devon e ao cavalo crioulo, de que tem há mais de trinta anos duas manadas puras.
    Teve uma tropilha de baios que em 1971 descreveu em versos, dos quais publicamos a seguir algumas quadras. Os animais da tropilha erama todos de uma só marca, nascidos e domados na fazenda. E, mais ainda, filhos do mesmo pastor crioulo, Adquirido em 1943 de Cipriano Munhoz, o garanhão conservou-se durante 14 anos na manada, gerando baios suficientes para formar a tropilha usada no serviço da estância.

    MINHA TROPILHA
    Minha tropilha de baios,
    Só de baios amarelos,
    Me traz a visão de poemas,
    Extravagantes e belos.
    Não sendo na cor das crinas,
    A tropilha modelada,
    Mas no traço distintivo
    Do pêlo baio gemada.
    Algum que outro cabos negros
    Não destoa dos ruanos
    Na tropilha cor de ouro
    De amarelos soberanos.
    Da minha marca são todos
    E os tenho na mesma conta
    Na inspiração de emoções.
    Recordam páginas vivas
    Donde o passado desponta,
    Repontando, redivivas,
    Nossas velhas tradições.


    O pêlo belo teve apreço no passado. Não só aqui no Estado como no Prata. Veja-se o trecho à seguir de carta de 10 de setembro de 1925 onde o missivista, criador argentino Don Jorge L. Dowdall recorda viagem a cavalo que fez para comprar gado e ver uns campos que estavam à venda em La Pampa - "En julio de 1905 sali de Rancul con un peon con 10 bayos... Salimos a revisar unos campos que vendia en esta epoca el Banco Hipotecario Nacional a $4 en la Seccion de la Pampa".
    A carta do antigo criador, divulgada no nº2, de 1926, dos Anales de la Asociación Criadores de Criollo, da Argentina, faz comentários sobre a resistência dos baios durante a tropiada.

    - O CIGANO OFERECEU 50 LIBRAS DE OURO - A tropilha de gateados vinha pela estrada. O chefe dos ciganos encantou-se com os gateados e propô-se a comprá-los. Abordou o estancieiro que recusou a oferta: a tropilha, todos de mesma marca e crioulos da fazenda, não era de venda.


Jornal Correio do Povo
, (Porto Alegre), 04 de outubro de 1981:
Reportagem e Entrevista

    Usos e Costumes Gaúchos serão Preservados

    Na era pré-histórica pintavam-se cavalos bravos nas paredes das grutas. Ficou assim registrada a atração que este animal sempre exerceu sobre o homem, tornando-se, com o tempo, seu fiel companheiro. Em estados de origem rural, como o nosso, ele ainda hoje desempenha papel significativo. O artista plástico Luiz Alberto Pont Beheregaray, Berega, fala a respeito de seu trabalho, em que o cavalo ocupa posição de destaque em especial o árabe. Ele explica também o que será o "Elucidário do Rio Grande do Sul" no qual pretende deixar gravados usos e costumes gaúchos.

    "Venho mexendo com desenho e pintura desde guri, quando vivia em estância. Por isto mesmo, meu tema é o campo e especialmente o cavalo. No início, fazia para mim mesmo e para presentear os amigos. Com o tempo, otei pro profissionalizar o que vinha fazendo informalmente", diz Luiz Alberto Pont Beheregaray, que assina Berega em seus trabalhos.
    No living de sua casa decorado com peças de cobre, porcelana e prata, não faltam suas próprias obras. Lá estão belas cabeças de cavalo junto com quadros de outros artistas. Sua característica fundamental é a arte-retrato.
    Ele diz não conhecer outro artista plástico no Brasil que se dedique a este trabalho. Em geral, os artistas apresentam o cavalo através de uma visão pessoal, mas sem a preocupação da definição da raça.
    Sobre esta arte específica, Berega relembra com entusiasmo pintores da velha e tradicional Inglaterra, onde o cavalo ocupou posição de destaque, entre a nobreza. Basta lembrar a figura atual do Príncipe Charles, um aficcionado jogador de pólo.
    "A Europa", diz Brega, "sempre teve pintores equestres. E a cavalaria, através da história, evidenciou uma distinção social. O povo era infantaria, enquanto a cavalaria pertencia aos aristocratas. Isto pode ser observado até em filmes. O cavalo servia para esporte ou guerra e, em ambos os casos, era aproveitado por pintores especializados. Alguns se tornaram famosos como George Stubbs, que estudou profundamente a anatomia do cavalo através da dissecação do cadáver do animal. Com a perfeição que alcançou em seu trabalho, acabou caindo nas graças da corte e enriquecendo com esta atividade".

    MUDANÇA DE VIDA

    "A gente nãp pode fugir de seu meio. Assim, carrego pela vida afora a estância em que me criei e onde comecei os primeiros rabiscos, sempre procurando representar o que me rodeava: o peão, a carreta, o cachorro e o cavalo".
    "Meu pai não sabia desenhar, mas tinha grande habilidade manual, o que transmitiu a todos os filhos. Minhas irmãs fazem maravilhas em trabalhos manuais".
    Berega já foi bancário e depois se dedicou à criação de coelhos angorás, um empreendimento pioneiro no Estado, visando a fabricação de cachemere. Posteriormente se dedicou ao comércio. Mas as tintas e pincéis nunca ficaram aprados, sendo usados nas horas vagas, até que resolveu optar profissionalmente por aquilo que fazia apenas por lazer.
    Autodidata, só agora Beheregaray se dedica ao estudo técnico de tintas e pigmentos. Está encantado com a tinta acrílica, que considera o "óleo do século XX".
   
    SONHO SECRETO

    Além das pinturas em tela e couro, Berega tem desenvolvido a arte-caricata. Já publicou também, dois álbuns sobre cavalos, feitos em grafite com reproduções em off-set que cehgaram, inclusive, às mãos do presidente Figueiredo. O próximo álbum, que faz parte dos planos imediatos do artista, será em serigrafia.
    A arte-caricata é uma das suas paixões. Desde guri esteve envolvido com a literatura regional da Argentina, da qual recebeu muita influência. No Brasil, então, inexistia este tipo de literatura. Este interesse fez com que colecionasse os então famosos calendários das alpargatas argentinas, ilustrados por Molina Campos, espanhol radicado na Argentina.
    Molina, por quem Berega sempre demonstrou admiração, retratou cenas de campanha em linha caricata e irônica. "Tenho dele 50 lâminas adquiridas em antiquários. Durante mais de 20 anos ele ilustrou os calendários, deformando com humor pessoas e cavalos, a partir de grande conhecimento de anatomia". Desde criança o pintor-equestre gaúcho tentava copiar ou imitar sua obra.
    "Eu tinha um sonho secreto: fazer um calendário semelhante aos dele. Certo dia, o diretor de uma empresa soube deste meu desejo. Como o tema entrava dentro de seu espírito, interessou-se. O primeiro calendário alcançou grande repercussão com seus 30 mil exemplares, rapidamente esgotados. Isto foi em 79. No ano seguinte, a iniciativa foi repetida. O calendário de 81 não chegou a ser ediado, mas provavelmente sai o de 82, dentro da mesma linha irônica, em que são representados cenas e tipos característicos do campo", diz Berega.
   
    ELUCIDÁRIO

    Há um trabalho inédito que vem entusiasmando o artista. Ele pretende denominá-lo "Elucidário do Rio Grande do Sul". Ele quer deixar gravado, através do desenho, usos e costumes do gaúcho. Esta é uma forma, segundo Berega, de preservar nossa tradição.
    Dos seis tipos diferentes de fazer nó em lenço, hoje são conhecidos apenas dois ou três. Através de entrevistas e muita pesquisa, Berega procura levantar todos os dados possíveis, para que não se percam através do tempo. "Minha intenção é preservar estes costumes que estão expirando ou mesmo já morreram."
    Assim, vão sendo revividos os diferentes tipos de arreio, relho, as várias formas de amarrar a cola do cavalo, as diversas moradias, mobiliários, jogos, etc., registrados de forma gráfica.
    Escolheu o termo elucidário porque objetiva "elucidar" uma série de usos e costumes desconhecidos. "Minha preocupação é didática, para que crianças e jovens valorizem o que pertence ao nosso passado. Muitas vezes, conhecem melhor a biografia de Lincoln do que a de Bento Gonçalves. Há anos, venho coligindo dados. Argentina e Uruguai possuem várias obras dentro desta temática. No Rio Grande do Sul, isto é inédito, já que há distinção entre os nossos hábitos e os dos países do Prata.
    Depois de muitos estudos, Berega diz que o elucidário o está empolgando, já que há muita coisa a ser descoberta, como a origem da bombacha, que parece remontar à guerra da Criméia. "A bombacha se revelou uma vestimenta muito funcional, tanto para andar a pé como a cavalo, tendo entrado no Estado através do Uruguai."
    "Este trabalho está me entusiasmando pela condição de pesquisa e pela possibilidade que poderá significar para as novas gerações. Será um livro visual, baseado em ilustrações. Além disto, mostrará o linguajar gauchesco, estudado por Dante de Laytano. Venho arquivando palavras utilizadas na fronteira-oeste, muitas só conhecidas na região de Uruguaiana, ainda não dicionarizados e que formam quase um dialeto. É um vocabulário em fase de extinção, pois a geração atual praticamente não o está mais empregando".

 

Revista Hippus - Edição Especial Árabes, (São Paulo), nº 26-A, novembro de 1981:
Reportagem - pg. 48-49.

    ARTE: BELEZA EQUINA MERECE LOUVOR SÓBRIO

    OS TRAÇOS DELICADOS DOS CAVALOS ÁRABES INSPIRAM A DELICADEZA DO TRAÇO - Temos, aqui ao lado, magníficos desenhos de Berega - pseudônimo de Luiz Alberto Pont Beheregaray, um gaúcho de Uruguaiana, cuja obra já focalizamos (veja Hippus, nº 14, página 22), e que se dedica ao cavalo como tema, em geral. No entanto, só os criadores...
[falta]
   

 

Revista A Granja (Porto Alegre), nº 408, Ano 37, janeiro 1982, pg. 39:
Reportagem

Novo-8.JPG (90983 bytes)    A arte de Berega - Aqui está um artista plástico, cujos desenhos e pinturas têm a preocupação de registrar um passado histórico, que já há muito tempo começou a ser marginalizado pela cultura urbana, e retratar o maior símbolo de companheirismo do gaúcho: o seu cavalo. Um trabalho que vem no bojo de um conjunto de aspirações e inspirações, que tem na volta da temática regional a principal fonte de abordagem artística.
    Luiz Alberto Pont Beheregaray - que assina os trabalhos como Berega - é um pintor bastante original, embora o seu trabalho não seja pioneiro. Sendo autodidata, não está vinculado a nenhum academismo ou escola iconográfica, embora seja grande admirador dos pintores clássicos. Possuidor de um traço leve e expressivo, Berega tem dedicado a maior parte do seu trabalho a retratar cavalos, embora não se possa atribuir-lhe o rótulo de pintor equestre, apesar de profundo conhecedor desta arte.
    Ex-bancário e ex-representante comercial, Berega começou a pintar profissionalmente em 1977, baseado num interesse idealista de homenagear o homem do campo, seus costumes e seus cavalos. Com ou sem romantismo, o fato é que os quadros, calendários e desenhos de Berega se tornaram conhecidos no país e no exterior. E, do ponto de vista comercial, já lhe renderam uma soma bastante apreciável. Tudo isto sem jamais ter exposto um retrato de cavalo, dos mais de 100 realizados, pois, trabalhando sob um regime de encomendas, cujo preço médio é de 100 dólares, dificilmente lhe sobra tempo para juntar uma produção razoável para uma mostra em galeria.
    A arte equestre - Preferindo trabalhar com materiais orgânicos, ele pinta sobre couro, ao invés de tela. Assim, precisou aprender a utilizar tinta sintética, que foi a matéria-prima que mais se adaptou ao couro.
    Gaúcho de Uruguaiana, onde nasceu há 47 anos, Berega tem uma formação e uma personalidade marcadamente campesina. Descendente de ex-fazendeiros, Berega sempre esteve vinculado aos homens da campanha gaúcha, remanescentes de velhos gaudérios e pajadores que lhe incutiram um resto de memórias de um tempo em que o pampa era um horizonte sem fim, a ser cavalgado até a eternidade. Foi da convivência com estes gaúchos, de horizontes largos e que ignoravam as marcas de fronteiras, que Berega extraiu a inspiração para seu trabalho, motivado na observação dos usos e costumes dos cavaleiros e suas montarias.
    Também foi na fronteira, ao som de tangos e milongas, que Berega recebeu influências de mestres especializados na arte equestre e campesina. Como, por exemplo, Blanes, pintor uruguaio que, no século passado, documentou cenas da vida do homem do campo, legando à cultura dos pampas um arquivo iconográfico muito grande e de excelente qualidade. Foi do trabalho de Blanes que Berega procurou motivação para elaborar calendários, com ilustrações representando momentos regionais e com textos históricos e folclóricos escritos pelo seu tio, o professor Raul Pont.
    Embora tenha retratado mais cavalos árabes e crioulos, Berega afirma não ter predileção por nenhuma raça. "Eu gosto de cavalos. Cada raça tem suas vantagens e desvantagens". Grande apreciador dos quadros de "El Grecco" e Goya, Berega foi buscar nos pintores equestres a técnica e o aprimoramento de sua arte. Entre estes, destaca-se George Stubbs que, no século XVIII, pintou cavalos da nobreza inglesa. Stubbs tornou-se famoso em 1730, quando publicou o trabalho intitulado "Anatomy of the Horse" (Anatomia do Cavalo). Porém, alguns anos mais tarde, caiu em desgraça, sendo inclusive chamado de traidor, quando passou a pintar retratos de pessoas ao invés de cavalos. "Neste erro eu não caio", diz Berega, brincando.
Outros pintores que influenciaram bastante foram o francês Géricault que, no século passado, retratou cavalos de batalhas, e Rosa Bonheur, também autodidata, autora do apreciado quadro "Feira de Cavalos". Como grandes pintores equestres da atualidade, Berega cita o polonês Koblischev e o americano Le Roy Newmann, autor do livro "Horse".
    "Elucidando causos" - Berega não é um estilista e, como grande conhecedor de anatomia equina, procura dar o maior grau de autenticidade ao cavalo retratado. Mais como respeito à forma do que por uma atitude perfeccionista. Contudo, este primorismo técnico não chega a dar um tom de frieza ao seu trabalho, deixando transparecer, nos seus quadros, até certa dose de personalidade equina, revelada pelo brilho dos olhos do animal, e um cuidado todo especial quanto às pelagens, que são uma espécie de impressão digital.
    Autor de dois álbuns sobre cavalos, contendo reproduções para serem emolduradas, Berega está escrevendo um livro denominado "Elucidário Gaúcho". Neste trabalho, pretende registrar suas observações sobre os costumes, crendices, superstições, causos e estórias do homem dos pampas. Sem nenhuma pretensão literária ou a de elaborar um dicionário regional, Berega não tem a mínima idéia de quando o livro estará concluído, "talvez lá pelo final do primeiro semestre de 82". Neste trabalho, deverão constar mais de 300 ilustrações, acompanhadas de textos explicativos sobre o universo do homem gaúcho.

 

Jornal Correio do Povo, Suplemento Rural, (Porto Alegre), 23 de abril de 1982:
Reportagem

    GAÚCHOS E CAVALOS
    Gaúchos e Cavalos é o título dado por Berega ao seu mais recente trabalho, que estará sendo lançado neste fim de semana em Jaguarão. Exatamente o trabalho funcional dos nossos crioulos montados, são o motivo dos "bicos de pena" que o artista concluiu num álbum de seis lâminas, que começará a ser vendido.
    Na mesma oportunidade estará sendo exibido um quadro a cores da cabeça de um cavalo, realizado por por sugestão dos organizadores da exposição funcional que se realiza em Jaguarão, e que deverá ser leiloado entre os crioulistas que seguramente prestigiarão a promoção da ABCCC.

 

Jornal Correio do Povo, Suplemento Rural, (Porto Alegre), 30 de abril de 1982:
Reportagem

    Berega, pintor e artista consagrado das coisas campeiras do gaúcho e um apaixonado pelo cavalo, produziu para esta exposição funcional um álbum com seis desenhos a bico de pena que foram lançados no fim de semana. Face à exiguidade do tempo, apenas poucos álbuns tiveram suas impressões terminadas, o que foi uma passada quando colocados à venda. Berega, ainda, pintou, sobre couro a cabeça de Crioulo gateado, que foi leiloado entre os criadores. Por 52 mil cruzeiros, Carlos Alberto Bastos adquiriu o trabalho, e ofereceu o quadro ao Sindicato Rural de Jaguarão, em nome dos criadores de Uruguaiana, para que simbolizasse a confraternização crioulista que as exposições funcionais tem permitido.

Jornal do Comércio, suplemento JC Agropecuária (Porto Alegre), 24 de abril de 1985, pgs. 4 e 5:
Reportagem

foto quadro Emilio Mattos - JC 24 abr 1985    Crioulos de Pelotas é a maior do mundo (chamada da capa do Suplemento)
    Exposição de Pelotas vendeu 794,4 milhões
    ...
    O criador Luís Carlos Levy doou para a ABCCC um óleo retratando Emílio Mattos, o grande impulsionador da criação Crioulo no Brasil.
    ...

 

 

 

 

 

Revista Cavalo Árabe - ABCCA (São Paulo), nº 50, 1986:
Reportagem - pg. 17

Revista Cavalo Árabe - Nº 50 1986    Don Hernán Ayerza frente a sede do Haras El Aduar

    desenho de Berega

























Revista Cavalo Árabe - ABCCA (São Paulo), nº 52, 1986:
Reportagem - pg. 43

Revista Cavalo Árabe - Nº 52 1986   Gailan, em quadro feito por Berega, segundo fotografia do mesmo por D. Hernán Ayerza.
























RBS TV - Uruguaiana, Jornal do Almoço (Uruguaiana), setembro 2000, noticiário do meio-dia:
Reportagem

 

Jornal Cidade, suplemento Cultura (Uruguaiana), nº 694, 05 de setembro 2000, capa do suplemento:
Entrevista

Entrevista Berega jornal Cidade - set 2000    Berega, referência da cultura gaúcha em expressão e arte - Uruguaiana homenageia Berega com uma exposição de quadros organizada pela marchand Gilda Bastos e apoio da Assessoria de Turismo e Cultura, com abertura marcada para o dia 15 de setembro no Centro Cultural Dr. Pedro Marini. São pinturas recolhidas de acervos particulares, uma pincelada da trajetória do artista.
    Berega teve o dom e o jeito para o desenho e a pintura. Fez disso um exercício permanente, uma motivação, uma exteriorização íntima de convívio com a arte, uma doação, uma necessidade existencial.
    Nasceu em Uruguaiana e radicou-se em Porto Alegre a partir de 1958, onde passou com mais facilidade a conviver com a pintura no atelier livre do Instituto de Belas Artes. Daí foi experimentando e conseguiu o que queria, criar sua própria técnica - pintura em couro com tinta sintética. É denominado pintor costumbrista, pois a paisagem do pampa, os lugares antigos, em especial, o cavalo fazem parte do seu mundo pictórico.
    Não foi pintor de exposição, não tinha tempo para pintar quadros, armazená-los , as encomendas se sucediam e necessitava cumprir os compromissos.
    Sua marca é o cavalos: árabe, crioulo ou caseiro. Essência, prazer, descoberta. Paisagens gaúchas e personagens caricatos também foram enfocados. Acompanhou seu trabalho 20 anos, o Calendário da Ipiranga. Os clientes desta empresa a cada 12 meses ficavam na expectativa do que Berega iria oferecer. A criatividade e sua sensibilidade eram disputadas naquele presente, o calendário. Hoje acometido pelo mal de Parkinson não pinta mais. Sua contribuição às artes plásticas, fazem-no um dos melhores pintores do mundo gaúcho.
    Berega nesta edição conversa com o CIDADE.

    Entrevista: Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega)
    1. De onde veio o gosto pela pintura?
    Berega:
eu sou autodidata, embora durante algum tempo tenha frequentado o Atelier Livre do Belas Artes.
    Quanto ao gosto pela arte, isso eu tenho desde guri, sempre desenhei. Na minha infância, recebi influência do meu Tio Raul Pont. Tio Raul era um estudioso, apaixonado pela terra dele, por Uruguaiana, pelo Rio Grande. Convivi muito perto dele e ele foi me transmitindo. Lia também Monteiro Lobato, que ganhei dele. É uma pena não se ter rfeconhecido todo o seu valor... depois fui para o Instituto de Belas Artes, desenhando, não estudei pintura, era aluno livre, apenas tive algumas aulas com Locatelli.
    Mais tarde já casado fui estudando técnicas de pintura, observando mapas antigos em suporte de couro, depois madonas, depois por incentivo de amigos comecei a pintar cavalos.
    2. Por que cavalos?
    Berega:
É o gaúcho que tem uma afinidade, um amor, um carinho especial ao cavalo. O cavalo junto com ele representa a conquista do território. O gaúcho tem isso, companheiro de guerra ou de paz, em qualquer uma delas o homem está sempre às voltas com ele.
    E desde guri sempre gostava de desenhar cavalos. Vivia na estância Carumbé, a remanescente da Cruz de Pedra, dos fundadores de Uruguaiana - os Fagundes. Lá eu passava 4 meses do ano, aproveitava e desenhava muito, o ambiente torco, as pedras, lugar primitivo.
    3. Por que é difícil pintar cavalos?
    Berega:
O cavalo é um animal perfeito. Tem harmonia fantástica. Essa harmonia se mantém nele em movimento ou parado, qualquer posição, o que não se vê em nenhum outro animal.
    A musculatura é muito difícil de marcar. Pode estragar um trabalho, errando a pintura de um músculo. Tive que me valer de vários livros clássicos vindos do exterior, onde estudei a anatomia do cavalo.
    Pode se dizer que me inspirei em Leonardo Da Vici que pintou muitos cavalos. Necessita muito esboço. E comecei me especializando no Cavalo Árabe, porque recebia muitas encomendas.
    Depois passei para o Crioulo. O primeiro Crioulo que pintei foi "Andariego Ibérica" de Antoninho Bastos.
    Pintei também, aquele cavalo - sem raça - aquele de aprender a andar, o doméstico, da gurizada.
    Ao pintar o cavalo, sempre iniciava pelo olho, porque o olho é que dá expressão. Se o olho estivesse mal, eliminava o trabalho, se estivesse bem era só deslanchar.
    4. E a tua técnica de pintura em couro?
    Berega:
Ao invés de usar tela, usava o couro e sempre aproveitava todos os efeitos que o couro proporciona. Não se tem um couro igual ao outro, possui uma textura irregular e tinha que usar tintas sintéticas para tirar o melhor proveito disso. Sempre uma busca empírica dos efeitos até encontrar o ponto exato.
    Muito desenho e muito pastel. Fiz várias séries a bico-de-pena, que se faz em cima do papel, utilizando uma pena de aço molhada no nankin, uma pintura definitiva.
    5. Como se descobriu Berega?
    Berega:
Nunca fiz exposição, nunca fiz trabalhos prévios, trabalhei sempre por encomenda. E nunca havia tempo, pois terminava um e iniciava outro. Aí a Associação de Cavalos Crioulos se interessou pelos meus trabalhos: o Flávio, o Antoninho, o Cabeto, o Luiz Antônio, e passaram a divulgar, inclusive na Expointer. Ali eu fazia a apresentação de meus trabalhos. E aí virou moda, a pintura de cavalos, levada até para o exterior.
    6. E os calendários da Ipiranga?
    Berega:
Por recomendação de Mário Valls de meus trabalhos a Ipiranga, através de Pito Tellechea, deu-se o impulso para o começo da pintura dos calendários da Ipiranga.
    Fiquei 20 anos realizando o calendário, pintando o interior, os costumes do homem, sempre preocupado com a autenticidade das pilchas, dos arreios, dos costumes, procurei realizar um resgate do que hoje se perdeu. As coisa da terra que me agradavam, focalizei tudo isso nos calendários de forma caricata.
    Também retratei o Calendário da Fertisul com temas históricos e de famílias.
    7. E a caricatura?
    Berega:
A caricatura é uma força de expressão. Meus personagens eram caricatos no calendário. O tamanho do bigode, o jeito de se postar... Eu me preocupava em realizar tipos caricatos, não em fazer caricaturas de alguém. Era uma forma original de retratar, de registrar o ambiente gaúcho.
    8. E o retrato?
    Berega:
É uma exigência. Era o retrato da indumentária, os cavalos, as pilchas estudados individualmente, selecionados e que iriam compor o quadro.
    Lia muito, investigava para que a figura ficasse autêntica. Pintei retratos, cachorros, paleteada, quadros de pólo, além dos cavalos.
    9. O desenvolvimento plástico no Rio Grande do Sul?
    Berega:
Eu estou fora do ... [
falta o restante mas publicado desta forma pelo jornal].

 

Jornal Cidade (Uruguaiana), Ano IX, nº 697, 08 de setembro 2000, capa:
Reportagem

Berega acende a pira Semana Farroupilha J Cidade - set 2000matéria J Cidade - set 2000    Homenagens ao artista - O artista plástico Berega é o principal homenageado na Semana Farroupilha. Ele acendeu a chama farrapa.

    Semana Farroupilha inicia com chuva e frio - Farta programação iniciou na quarta-feira com a chegada da Chama Crioula, na praça Farroupilha.
    ...
 
   Ontem pela manhã, a programação das atividades relacionadas aos festejos tiveram sua continuidade com a realização da Sessão Especial do parlamento municipal em homenagem a Luiz Alberto Pont Beheregaray (Berega), com a entrega da comenda Dom Luiz Felipe de Nadal, oferecida ao artista plástico pela Ráqdio São Miguel e entregue pelo diretor Miguel Ramos.Nascido em Uruguaiana Berega residiu por muito tempo na capital do Estado. Seu trabalho tem na temática gauchesca, a principal característica, enquadrando-o no que os platinos costumam denominar como pintor "costumbrista", segundo referenda o coordenador da Semana Farroupilha, Luiz Machado Stabile. "Cavalos e gaúchos são destaque em sua obra", diz ele.
    Retratos de sua autoria encontram-se em coleções particulares de criadores de vários estados e do exterior. Berega é autor, das ilustrações dos calendários da Fertisul - Adubos Ipiranga; calendário CCGL e da Distribuidora de Petróleo Ipiranga, desde 1979. Seus álbuns encontram-se na biblioteca do Congressodos Estados Unidos. Durante a cerimônia, o destaque  ficou por conta do pronunciamento do tradicionalista Milton Souza.
    ...

 

 

 

 

Jornal Diário da Fronteira (Fronteira Oeste RS), Ano I, nº 186, 15 de setembro 2000:
Reportagem - chamada de capa, matéria pg. 9

capa jornal Diário da Fronteira - set 2000report Berega J. Fronteira - set 2000 'Berega' é homenageado na Câmara de Vereadores
   O uruguaianense Luiz Alberto Pont Beheregaray, conhecido como 'Berega', é, atualmente, um dos artistas plásticos mais renomados do Estado, tendo seus álbuns de desenhos (Garanhões Árabes - Estudos de Cabeças, de 1977; Cavalos - Desenhos de Berega, de 1980 e 1983; Garanhões Árabes, 1982; e Gaúchos e Cavalos, de 1982) arquivados na maior e mais respeitada biblioteca do mundo: a Biblioteca do congresso dos EUA.
    Este uruguaianense ilustre, tem guiado a temática de seu trabalho sobre o gaúcho, seus usos e costumes e, mormente, sobre seu melhor amigo: o cavalo.
    Utilizando-se de técnica prórpia e original (tinta sintética sobre couro), o artista destaca-se quando pinta equinos, em um estilo surpreendemente realista lembrando, por vezes, o hiper-realismo lançado nos EUA na década de 1960.
    Já seus desenhos sobre usos e costumes gauchescos o colocam a nível de um 'cronista do pincel', tratando com bom humor as tradições de seu Estado.
    Conhecido popularmente pelas ilustrações que fez para calendários da Fertisul, da CCGL e, principalmente, da Distribuidora de Petróleo Ipiranga, o artista tem quadros seus enfeitando as coleções de criadores em vários estados brasileiros e em vários países da América e Europa, além de terem sido presenteados ao, então, presidente João Batista de Oliveira Figueiredo, ao ex-vice-presidente Aureliano Chaves e ao ex-presidente do Uruguai, Julio Maria Sanguinetti.
   Este ano, como parte dos festejos da Semana Farroupilha, o artista está sendo homenageado em sua terra natal, através de uma exposição no Centro Cultural Dr. Pedro Marini, que funcionará até o dia 30, e através de uma sessão solene realizada ontem (14), na Câmara de Vereadores de Uruguaiana.
    Organizada pela coordenação dos festejos da Semana Farroupilha, a homenagem prestada na Câmara constituiu-se em um justo tributo do povo uruguaianense a um dos seus filhos mais ilustres, que leva a cultura e as tradições desta terra aos mais distantes confins do planeta, como uma arte, ao mesmo tempo, regional e universal.

 





Revista Uruguaiana Sem Fronteiras
(Uruguaiana), Ano I, nº 006, 2000:
Reportagem - pg. 14

Rev Uruguaiana Sem Fronteiras - 2000 Semana Farroupilha 2000 - 1º Desfile Temático Uruguaiana 154 anos
    O HOMENAGEADO: LUIZ ALBERTO PONT BEHEREGARAY (Berega).
   
Nascido em Uruguaiana residiu por muitos anos em Porto Alegre.
    Seu trabalho na temática gauchesca enquadra-o no que os platinos denominam pintor "costumbrista".
    Cavalos e gaúchos são destaque em sua obra. Em suas pinturas de cavalos mostra um estilo realista dentro de uma técnica própria e original: tinta sintética sobre suporte de couro. Retratos de sua autoria encontram-se em coleções particulares de criadores de vários estados e do exterior: Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos, Suécia, Alemanha entre outros.
    Autor, por muitos anos, de ilustrações dos calendários da Fertisul Adubos Ipiranga; calendário CCGL (Cooperativa Central Gaúcha de Leite Ltda) e da Distribuidora de Petróleo Ipiranga, desde 1979.
    Seus álbuns de desenho encontram-se na biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, teve seus trabalhos várias vezes focalizado pela Revista Hippus, de São Paulo e é membro da Society of Equestrian Artists (EUA).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Zero Hora, Suplemento Segundo Caderno - Cultura (Porto Alegre), 11 de maio de 2002:
Ilustração para matéria - capa

Jornal Zero Hora - capa suplemento - maio 2002     O herói marginal

    José Borges do Canto, o aventureiro que pôs os espanhóis a correr do antigo território das Missões, é uma figura esnobada pela História. Aos 26 anos, em 1801, ele e um bando de arruaceiros tomaram campos do noroeste e oeste gaúcho e ajudaram a desenhar o que é hoje o mapa do Rio Grande do Sul. Os portugueses ganharam cerca de 40% da atual área do Estado. Um estudo do historiador Fernando Camargo, publicado agora em livro, mostra que Borges do Canto foi esquecido porque era um marginal incurável. O desprezo dos vitoriosos pelo herói maloqueiro - uma definição dos uruguaios - acabou forçando a versão ressentida dos derrotados: o território português deve sua expansão à ação voluntariosa de um grupo de fora-da-lei, sem qualquer articulação com a Coroa.
    ...
    Borges do Canto em retrato pintado por Luiz Alberto Beheregaray, o Berega.
    ...

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Zero Hora, Segundo Caderno (coluna David Coimbra) (Porto Alegre), 07 de novembro 2002:
Reportagem

Coluna David Coimbra ZH - nov 2002 Jayme e Berega
    Por esta altura do ano, a turma da década de 70 ficava na expectativa para conseguir os calendários da Ipiranga com textos de Jayme Caetano Braun e ilustrações do Berega. O I da Ipiranga o Berega escondia no desenho. Numa lata de óleo jogada num canto, num cartaz colado em um poste. Meses atrás, a Artes & Ofícios resolveu lançar três livros do Jayme. O editor Luís Fernando de Araújo queria o Berega para ilustrar as capas. Achou-o em Uruguaiana e desencavou uns desenhos antigos dele. As capas ficaram uma beleza, como se vê por essa ilustração, que está na capa de Paisagens Perdidas. Os poemas? Deguste um:

   
Dicionário crioulo
   
CUSCO é o cachorro campeiro
    No dicionário do pago,
    O GAUDÉRIO é o índio vago
    Que vai cruzando a existência...
    A CHINA é a flora da inocência,
    Feita por Nosso Senhor,
    Para com graça e amor
    Ser dona desta querência!
    O POTRO - é o cavalo xucro
    Que deixou de ser POTRILHO,
    Depois de levar lombilho
    Já se chama REDOMÃO

 

Jornal Cidade, suplemento Folha de Cultura (Uruguaiana), nº 923, 26 de novembro 2002, capa do suplemento:
Reportagem - Maria da Graça Bermúdez

Reportagem Berega Jornal Cidade - nov 2002 Berega, arte em branco e preto - Estudos, desenhos, esboços rabiscos inéditos em exposição na Galeria Graffiti.
    Um pouco da arte de Berega que estava na gaveta será mostrada a partir desta quinta-feira, 29/11, na Galeria Graffiti, coincidindo com a abertura da Califórnia da Canção Nativa. A exposição se compõe de estudos desenhos, esboços, organizados pela família e levados ao público em justa deferência ao artista uruguaianense que hoje, impossibilitado pelas mazelas da vida, não pode mais produzir. São muitos e belos trabalhos: alguns inacabados; outros sequencia de esboço, porém indelevelmente dentro do estilo Berega, onde o cavalo é o centro das atenções; e o preto e branco do lápis representa a primeira etapa da construção das imagens pictóricas. Uma boa parte da coleção estará à venda.
    Segundo Gilda Bastos, marchand da Graffiti e amiga pessoal do casal Berega, a "exposição me envolveu com intusiasmo, independente da admiração pessoal pelo artista., mais ainda por ser uma exposição de trabalhos inéditos que serão mostrados à sua terra."

    Luiz Alberto Pont Beheregaray, uruguaianense, completa em maio de 2003, 70 anos. É casado com Regina Núria Crespo Beheregaray. O casal tem dois filhos: Claryssa e Rodrigo, estes acompanham a trajetória artística do pai. Hoje colaboraram na organização da mostra.
    Desde guri foi chamado para as lidas do desenho e do pincel, pelo inegável chamado do talento num aprendizado autodidata. Foi na vivência junto à estância que observou as cenas, percebeu a paisagem e os objetos que a compunham, em especial o cavalo e traçou sua temática gauchesca.
    Foi para Porto Alegre em 1958, fez aulas no Atelier do Instituto de Belas Artes na capital e desenvolveu uma técnica pessoal de pintura no couro. Experimentou, ajeitou, acertou e foi considerado um pintor "costumbrista".
    Uma mistura de paixão pela arte e compromisso com ela aliado ao profissionalismo do trabalho pela encomenda solidificou sua performance  e o espaço telúrico povoou seus trabalhos e suas obras se espalharam pelo Brasil.
   
O cavalo... É um animal fantástico, diz Berega. Tem uma harmonia impressionante, uma musculatura muito difícil de marcar e nuances completas, de serem pintadas". Mesmo assim, depois de estudar cada desenho, lá ia pintando cavalos, com carinho especial. O animal que representou uma simbologia do amigo do gaúcho, simbologia da tradição riograndense. Foi sempre o amigo na guerra e na paz; no trabalho ou no passeio; no transporte ou companhia para o campesino.Ao pintá-lo sempre iniciava pelo olho. É o olho que dá a expressão e vida à figura. Para Berega, se o olho estivesse mal, eliminava o trabalho, porém se estivesse bem era só continuar e acabar.
   
A obra... Berega nunca se preocupou com exposições, pois as encomendas dos amigos, especialmente, aquelas que vieram a partir da Associação de Cradores de Cavalos Crioulos e/ou interessados pelo tema lhe tomou muito tempo em que esteve em atividade. Hoje os quadros estão em coleções particulares e de criadores em vários estados do país e na Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos, Suécia, Alemanha.
    Também é autor de capas e ilustrações de revistas e livros. Autor dos álbuns: Garanhões Árabes - estudos de cabeças (1977); Cavalos em desenhos de Berega edição 1980 e 1983; Garanhões Árabes - 1982; Gaúchos e Cavalos - 6 edições.
   
O Calendário da Ipiranga não dá para esquecer. Está na memória dos mais velhos. "Fiquei 20 anos realizando o calendário, pintando o interior, os costumes do homem, as coisas da terra..." A versatilidade dos tipos, a caricatura, a preocupação com a autenticidade do vestuário, a beleza das pilchas, o humor na pintura representou o estilo Berega de criar o cotidiano gauchesco. Os objetos, o detalhe, e os tipos só faltavam falar, apesar de estereotipados. Hoje são história nas artes de nosso estado.
   
E o retrato? Muitos foram pintados, pois Berega em seu universo artístico se debruçou sobre a figura, a indumentária , e de preferência sobre e junto do cavalo. Se era encomenda conversava com o cliente, estudava seu cavalo, percebia o enfoque, pesquisava, esboçava, rabiscava até conseguir a perfeição.
    Isto tudo é BEREGA? E vale uma retomada, vale conferir na exposição da Graffiti a homenagem da família ao grande artista.

Jornal Zero Hora (Porto Alegre), 02 de dezembro 2004:
Nota

Nota ZH California- dez 2004    As peças gráficas e promocionais da 33a edição da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul - que se realiza hoje a domingo, em Uruguaiana - homenageiam o artista plástico gaúcho Luiz Alberto Pont Beheregaray, o Berega. Uruguaianense conhecido por seus retratos e pinturas equestres, Berega já ilustrou dezenas de livros e capas de discos nativistas. O pintor já foi citado até em música gaudéria: lá pelas tantas, a composição Entrando no M´Bororé, de José Sampaio e Elton Saldanha, descrevendo um taura, diz o seguinte: "Na tarde em tons de aquerela / Lembra um quadro do Berega".
    Além dos cartazes, camisetas e fundo de palco do evento, a dupla de publicitários Gibran Bisio e Thomas Fallgatter assina a arte do CD, que será lançado pela Galpão Crioulo Discos, com músicas finalstas do festival.

 

 

 

 

 

 

Jornal Momento (Uruguaiana), ano II, nº 67, 2 a 8 de junho 2006, capa:
Reportagem

Report Berega J Momento - jun 2006    Relação dos ganhadores do troféu PremioAção - os 25 homenageados exibem o troféu entregue por este jornal na noite de 26 de maio no Hotel Glória. Páginas 6 e 7.

Berega recebendo o troféu do Gal. José Alberto Leal - 2006 Luiz Alberto Pont Beheregaray - Troféu entregue pelo General José Alberto Leal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Momento - suplemento Gente de Sucesso (Uruguaiana), ano III, 12 a 18 de julho 2007:
Foto

foto Berega J Momento - jul 2007    <- Luiz Alberto Pont Beheregaray

Jornal Momento - suplemento Sociedade (Uruguaiana), ano IV, julho 2008:
Foto

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Ulbra TV
Programa Fogo de Chão (Porto Alegre), 06 de dezembro de 2009:
Reportagem / Entrevista

[em cadastramento]


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